Título: De olho no PMDB
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 12/05/2006, O GLOBO, p. 2

O presidente Lula e o PSDB estão apenas aguardando a convenção de amanhã para atacarem o PMDB. O presidente do PT e coordenador da campanha da reeleição, Ricardo Berzoini (SP), fará uma proposta oficial de coligação ao PMDB. Os tucanos não trabalham com uma coligação formal, mas querem o apoio do partido naqueles estados onde são aliados na eleição para governador.

O ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, já sinalizou para o partido num encontro com o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), na semana passada. Agora o presidente Lula quer que seja feita uma oferta formal, demonstrando que não pretende apenas uma aliança eleitoral mas um acordo para governar o Brasil. Depois da experiência tortuosa de governar o país com o apoio de partidos médios, o presidente Lula, se conquistar um segundo mandato, quer fazer com o PMDB um governo de coalizão em que este partido seria co-responsável pela gestão.

Esta definição representa uma guinada na cultura política petista. Os articuladores do governo Lula reconhecem que esta coligação dificilmente se concretizará, mas se isso ocorrer trabalham com os nomes do ex-presidente do STF Nelson Jobim e do ex-governador Jarbas Vasconcelos para vice. O relevante nesta postura, diz um ministro, é que há um consenso no PT de que o melhor para dar estabilidade ao governo é ter o PMDB organicamente na gestão e ocupando ministérios importantes.

O coordenador da campanha de Geraldo Alckmin, Sérgio Guerra (PE), e os presidentes do PSDB e do PFL, também fazem a corte ao PMDB. Os tucanos levam vantagem neste diálogo, pois tem mais alianças com o PMDB nos estados. Mesmo sem coligação, acreditam que a maioria estará na campanha de Alckmin. Inclusive o seu presidente, Michel Temer (SP), que vê como caminho natural o apoio a José Serra. No quadro atual, no qual prevalecem os interesses regionais, o partido estaria mais próximo de fechar uma coligação com os tucanos do que com os petistas.

Os movimentos do PT e do PSDB em direção ao PMDB dependem do resultado da convenção de amanhã. Mas nenhuma negociação avançará até 11 de junho, quando se realizará a convenção ordinária para tratar das eleições para a presidência da República.