Título: BANCO CONFIRMA DENÚNCIA CONTRA PT
Autor: Luiza Damé, Isabel Braga e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 12/05/2006, O País, p. 11

Opportunity não explica, porém, como foi a suposta abordagem do partido

BRASÍLIA. O banco Opportunity confirmou ontem a denúncia de que foi procurado pelo PT, em 2002 e 2003, e recebeu um pedido de pagamento de propina. de ¿dezenas de milhões de dólares¿. A assessoria de imprensa da instituição informou que são verdadeiras as informações do documento, enviado em abril à Justiça de Nova York, pelo advogado Philip Korologos, que representa os interesses do Opportunity nos EUA.

O banco, contudo, não informou quando, onde e a quem teria sido feita a proposta, que diz ter recusado. No documento, a denúncia consta de um depoimento feito por Verônica Dantas, irmã do dono do Opportunity, Daniel Dantas. Mas segundo a assessoria do banco, ela não fez as denúncias, mas apenas reproduz relatos atribuídos a executivos do Citibank. À época, as duas instituições eram associadas e, segundo a versão do Opportunity, a abordagem do PT teria sido feita ao Citibank.

A parceria foi rompida, e o documento é uma das peças judiciais da guerra entre o Opportunity e o Citibank pelo controle da Brasil Telecom. O documento distribuído pelo líder tucano Arthur Virgílio trata-se de uma carta enviada pelo advogado do Opportunity ao juiz Lewis Kaplan. Tenta desqualificar informações que seriam exploradas pelo Citibank, como o pedido de indiciamento de Dantas pela CPI dos Correios.

Korologos tenta convencer o juiz de que a medida foi política. Diz que Dantas era odiado pelo governo porque se negou a pagar propina ao PT. E afirma que o presidente Lula e os ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu declarariam guerra a Dantas com o objetivo de destituí-lo do controle da Brasil Telecom.

¿Fica claro e evidente pelas próprias palavras do Citibank constantes da Prova E da declaração de Verônica Dantas, `o governo do Brasil ¿ Lula (o presidente do Brasil), Palocci e Dirceu ¿ odiavam Daniel Dantas e iam promover uma guerra para tirá-lo de sua função de diretor¿. Esse ódio e a perseguição relacionavam-se à recusa do Opportunity a partir de 2002 e 2003 de aceitar a sugestão do PT de pagar dezenas de milhões de dólares ao partido governante para evitar novos assédios do governo ao Opportunity¿.

No mesmo documento, o advogado do Opportunity diz que Dirceu, Palocci e outras autoridades ofereceram incentivos financeiros para atacar Dantas:

¿O ministro Dirceu e outros indivíduos em altos cargos no governo cujo indiciamento o Ministério Público recomendou (...) são as mesmas autoridades do governo que se reuniram com e pressionaram o Citibank, inclusive com ofertas de incentivos, para atacar o Opportunity e o sr. Dantas¿.