Título: LIGAÇÕES CRIMINOSAS
Autor: Ana Cláudia Costa
Fonte: O Globo, 12/05/2006, Rio, p. 14

Do presídio, bandidos costumam comandar crimes. A ordem para assassinar Robson Roque, diretor da bateria da Mangueira, em dezembro de 2004, partiu de Francisco Paulo Testa Monteiro, o Tuchinha, preso em Bangu III. Em junho de 2002, foram divulgadas gravações de conversas telefônicas feitas pelo traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e outros integrantes de sua quadrilha, todos presos em Bangu I. O bandido continuava comandando seu bando, inclusive dando instruções para o suborno de PMs. Naquele ano e no ano seguinte, o traficante ordenou de dentro de Bangu I atentado no Rio. Em 11 de setembro de 2002, quatro presos de Bangu I foram mortos num motim comandado por Beira-Mar. Em seguida, uma série de ataques foi desencadeada no Rio. Em 16 de outubro, para desviar a atenção de um motim em Bangu III, presos ordenaram atentados ao shopping Rio Sul, ao Palácio Guanabara e a carros da PM. Já em 24 de fevereiro de 2003, na chamada Segunda-Feira Sem Lei, houve explosões de bombas e granadas, tiroteios, arrastões, ataques a mercados e 25 ônibus foram incendiados em 20 bairros. Em setembro de 2003, O GLOBO noticiou, após fazer um teste com celulares de cinco operadoras, que os bloqueadores instalados em quatro presídios do Complexo Penitenciário de Bangu não funcionavam. O então secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira, confirmou que o sistema era vulnerável e determinou às empresas responsáveis pelos bloqueadores que fizessem ajustes nos aparelhos. Ele pediu ao Ministério Público que entrasse na Justiça com uma ação civil exigindo a retirada de seis estações de operadoras de celulares próximas aos presídios. No ano seguinte, os bloqueadores continuavam sem impedir as ligações dos detentos.