Título: PAPA PEDE A CHÁVEZ RESPEITO A DIREITOS DE CATÓLICOS
Autor:
Fonte: O Globo, 12/05/2006, O Mundo, p. 35

Bento XVI diz estar preocupado com ameaças à liberdade religiosa na Venezuela durante visita do presidente ao Vaticano

CIDADE DO VATICANO. O Papa Bento XVI disse ao presidente Hugo Chávez que está preocupado com ameaças à liberdade religiosa na Venezuela e pediu que sejam respeitados os direitos dos católicos. Em visita à Itália, Chávez se encontrou com o Papa no Vaticano e disse que a audiência foi uma chance para superar problemas do passado.

¿ A Igreja não tem razões para se preocupar ¿ disse Chávez. ¿ Acho que podemos virar a página e relegar os problemas ao passado.

Os atritos entre Chávez e a Igreja vêm ocorrendo desde que ele chegou ao poder, em 1999. No início deste ano, o cardeal Rosario Castillo acusou o governo de apresentar sinais de ditadura. Chávez ¿ que já chegou a dizer que os bispos venezuelanos eram ¿um câncer¿ ¿ pediu explicações à Igreja e acusou o cardeal de complô para derrubá-lo.

Segundo o Vaticano, Bento XVI entregou ao presidente uma carta com ¿pontos de preocupação¿, como a proposta para retirar a palavra ¿católica¿ do nome da Universidade Católica de Santa Rosa e outra para definir o caráter laico do ensino. O Papa destacou a necessidade de os meios de comunicação católicos terem garantida a liberdade de expressão e acrescentou que a Igreja deve ter liberdade total para nomear seus bispos, numa referência a um acordo de 1961 que prevê que o governo venezuelano aprove as indicações.

Chávez assegurou que as tensões serão superadas.

Declaração contra casamento gay gera críticas

Em outro encontro, tocando num assunto com o qual o futuro governo italiano de centro-esquerda terá de lidar, Bento XVI condenou o casamento gay e o reconhecimento legal de uniões sem os laços do casamento:

¿ Tornou-se urgente evitar a confusão entre o casamento e outros tipos de união baseados num amor que é fraco ¿ disse o Papa, numa conferência sobre o casamento e a família. ¿ Apenas a pedra do amor total e irrevogável entre homem e mulher é capaz de ser a base da construção de uma sociedade que seja o lar para toda a Humanidade.

Os comentários geraram críticas da esquerda. O parlamentar Franco Grillini, que é homossexual, acusou o Papa de tentar ditar a agenda política. Para o secretário-geral dos Radicais Italianos, deputado Daniele Capezzone, as declarações demonstram ausência de caridade.

A coalizão de Romano Prodi, que venceu as eleições, prometeu criar mecanismos para reconhecer casais não casados, mas não chegou a apoiar a união de homossexuais, embora alguns partidos do bloco a apóiem.