Título: Supremo mantém a convenção do PMDB
Autor: Luiza Damé e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 13/05/2006, O País, p. 4

Partidários do ex-governador Anthony Garotinho recorreram à Justiça para tentar impedir a votação de hoje

BRASÍLIA. O PMDB faz hoje convenção nacional, convocada pela corrente que defende o partido livre nas eleições de outubro com o objetivo de derrotar a tese da candidatura própria à Presidência. O grupo diz que terá a maioria dos votos dos convencionais, argumentando que é preferível o partido eleger mais governadores, senadores e deputados a ter um candidato à Presidência, inviabilizando alianças regionais. A ala pró-candidatura própria conta com a Justiça para impedir a convenção ou anulá-la no futuro.

A primeira ação desse último grupo, impetrada pelo deputado Nelson Bornier (RJ) no Supremo Tribunal Federal (STF), foi negada ontem pelo ministro Joaquim Barbosa. Bornier questionou no STF a capacidade do auditório Petrônio Portela, no Senado, para abrigar os 528 convencionais e os militantes do PMDB. Outras cinco ações devem ser impetradas até o fim da convenção, previsto para as 17h, tanto pelo grupo pró-candidatura própria como pela corrente a favor do PMDB livre.

¿Eles estão desesperados. Nós temos a maioria¿

O deputado Eduardo Cunha (RJ), ligado ao pré-candidato Anthony Garotinho, disse ontem que as ações contra a convenção não visam somente à obtenção de liminar para impedir a votação de hoje, mas também pôr sub judice o resultado, para anulá-lo no futuro e garantir a candidatura própria:

¿ Eles estão desesperados. Nós temos a maioria. Não acredito que a tese da candidatura própria seja derrotada.

Apesar da briga judicial, os dois pré-candidatos do PMDB à Presidência, Garotinho e o ex-presidente Itamar Franco, devem ir à convenção. Itamar está em Brasília desde quinta-feira. Garotinho só chega hoje.

¿ Vai ganhar a corrente que prefere fazer alianças nos estados para fortalecer o partido regionalmente ¿ disse o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), líder do grupo contra o candidato próprio.

Segundo ele, por causa da verticalização (obrigação de repetir nos estados a aliança nacional), a candidatura própria engessa o PMDB nos estados. Renan descarta inclusive a participação do PMDB na chapa do presidente Lula.

O deputado Eunício Oliveira (CE), que foi ministro das Comunicações no governo Lula, também está confiante:

¿ É uma convenção para que o partido fique livre. Não tem projeto nem voto para candidatura aliada a Alckmin ou Lula, embora eu me declare lulista.

Defensor da candidatura própria e de Garotinho, o deputado Darcísio Perondi (RS) disse que a greve de fome afastou o ex-governador das articulações, dificultando o êxito do grupo:

¿ É inadmissível que o PMDB fique de novo sem candidato próprio.