Título: SEXO, BEBIDAS, PÔQUER E MAIS UM ESCÂNDALO NA CIA
Autor:
Fonte: O Globo, 13/05/2006, O Mundo, p. 44

FBI investiga corrupção na agência

Trata-se de um escândalo dentro do escândalo da CIA ¿ uma história com pôquer, bebidas e prostitutas envolvendo congressistas, empresários e altos funcionários da agência de espionagem americana que tende a desastres.

A confusão veio à tona com a saída de Porter Goss, após desastrosos 18 meses como diretor da CIA. E agora ameaça causar mais tumulto na agência, enquanto o Senado embarca no que certamente serão tórridas audiências, semana que vem, para confirmação do general Michael Hayden como seu sucessor.

Tudo tem origem na investigação federal sobre corrupção no caso do difamado ex-congressista Randy ¿Duke¿ Cunningham, que cumpre longa sentença na prisão por aceitar propinas de US$2,4 milhões. Entre os que fizeram favores a ele está um fornecedor do setor de defesa, Brent Wilkes, identificado pelo FBI como co-conspirador nº 1 no caso (embora não seja acusado de crime algum).

Wilkes vem a ser um dos melhores amigos, dos tempos de escola, de Kyle ¿Dusty¿ Foggo, até poucos dias atrás diretor-executivo da CIA, o terceiro homem mais importante na agência. O FBI investiga agora se Foggo ¿ assim como fez Cunningham por meio de seus contatos no Pentágono ¿ ajudou a abrir caminho para Wilkes na CIA.

Isto continua sem esclarecimento, e Foggo nega qualquer irregularidade. Admitiu, porém, que nos anos 90 jogava pôquer numa suíte do Hotel Watergate com seu ex-colega de escola, funcionários da CIA e congressistas, entre eles Cunningham. Aparentemente eram ocasiões festivas regadas a cerveja e uísque. Agora o FBI investiga se Wilkes, em seu empenho para garantir contratos, levava prostitutas para divertir seus convidados.

Charlie Wilson, ex-congressista que persuadiu a CIA a apoiar rebeldes afegãos contra a União Soviética nos anos 80, participou de dois desses jogos de pôquer, mas disse nunca ter visto uma garota de programa. O advogado de Wilke também negou a má conduta. Sua reconstituição dos fatos não bate, porém, com a de Mitchell Wade, outro empreiteiro do setor de defesa que admitiu ter subornado Cunningham. Wade disse a promotores que às vezes levava prostitutas para o então congressista. Segundo o ¿Wall Street Journal¿, o FBI entrevistou mulheres de uma agência de acompanhantes em Washington, como parte de sua investigação.

Foggo foi forçado a renunciar a seu cargo na CIA dias depois de seu chefe ser demitido. Mais do que compreensivelmente, Goss temia que as acusações sobre pôquer e prostituição pudessem causar mais danos à reputação da CIA.

Embora Foggo fosse um amigo especialmente íntimo de Wilson, não estava nem de longe sozinho nos últimos contratos da agência. Com ele estava Brant Basset, funcionário da CIA aposentado a quem Wilkes pagou US$5 mil por sua ajuda para fechar um negócio na Alemanha.