Título: CORPORATIVISMO NO CONGRESSO AINDA IMPERA NA ERA DO CONSELHO DE ÉTICA
Autor: Isabel Braga e Maria Lima
Fonte: O Globo, 14/05/2006, O País, p. 3

Escândalo do mensalão resultou apenas na cassação de três deputados

BRASÍLIA. Criado há quatro anos para dar mais rigor às investigações e julgar os parlamentares que quebram o decoro, o Conselho de Ética não venceu o corporativismo. Um ano depois das denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), a legislatura marcada pelo mensalão puniu apenas três deputados. Menos que a CPI do Orçamento, de 1993, que revelou um esquema de desvio de recursos e resultou na perda de mandato de seis anões do orçamento, como ficaram conhecidos.

Na atual, apenas três foram cassados ¿ Roberto Jefferson (PTB-RJ), José Dirceu (PT-SP) e Pedro Corrêa (PP-PE). Prevaleceu a pizza. O volume de dinheiro envolvido no atual escândalo também é bem superior.

Acordão salvou deputados, diz Ricardo Izar

O presidente do Conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), diz que o colegiado fez o seu papel, recomendando as cassações, mas foi atropelado pelos acordões entre os partidos.

Restam dois casos a serem julgados no plenário: Vadão Gomes (PP-SP), absolvido pelo Conselho, e José Janene (PP-PR). É grande a possibilidade de Vadão ser salvo pelo plenário.

A crise do Orçamento envolveu 18 deputados. Além dos seis cassados ¿ Carlos Benevides (PMDB-CE), Feres Nader (PTB-RJ), Fábio Raunhetti (PTB-RJ), Raquel Cândido (PTB-RO), Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e José Geraldo (PMDB-MG) ¿ quatro renunciaram e oito foram absolvidos. Na do mensalão, que teve 19 parlamentares representados pela CPI dos Correios ao Conselho de Ética, quatro renunciaram e dez foram absolvidos.