Título: DEFENSOR CONSIDERA ATAQUES NATURAL
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Fonte: O Globo, 15/05/2006, O País, p. 3

Advogado de facção criminosa diz que violência aumentará se a polícia revidar

SÃO PAULO.O advogado da facção criminosa responsabilizada pela onda de ataques a policiais, o criminalista Anselmo Neves Maia, disse ontem considerar natural esta reação do crime organizado à situação nas penitenciárias em São Paulo. Ele afirmou ainda que, se a polícia resolver revidar com o uso da força, haverá o risco de a tensão aumentar nos próximos dias.

Segundo Maia, a falta de investimentos do governo nas áreas sociais é o principal motivo para justificar a onda de violência.

Preso em 2002, acusado de formação de quadrilha com membros da facção criminosa, Maia disse ter sido surpreendido pelas ações coordenadas no estado. Ele afirmou acreditar que alguns atentados podem ter sido promovidos por pessoas que não são ligadas a grupos criminosos.

¿ Todos os casos têm origem na miséria e no descaso com os pobres, com a falta de investimentos em educação e saúde. E têm origem também no tratamento que os presos recebem. Isso é o combustível das ações ¿ disse Maia, em entrevista à agência Reuters.

O advogado não atendeu o GLOBO. Por telefone, o filho dele, Plínio Maia, informou que o pai estava em reunião de família.

Advogado propôs direito de voto a presos

Sobre a possibilidade de o governo controlar as ações usando força policial, ainda em entrevista à Reuters, Maia foi taxativo.

¿ Seria insano imaginar que isso funcionaria. Nunca! Pode esquecer. É o mesmo que alguém querer afinar o nariz apertando-o com os dedos ¿ ironizou o advogado, que chegou a candidatar-se sem sucesso a deputado federal pelo PMN. Sua principal proposta era a de dar aos presos direito de voto.

Diante da série de atentados, o advogado pôs em dúvida a autoria deles. Os tiros contra uma unidade do Corpo de Bombeiros, segundo Maia, foram os que o deixaram mais desconfiado.

¿ Sinceramente, me causa estranheza o ataque ao Corpo de Bombeiros ¿ afirmou o advogado.

Maia disse ser amigo do principal chefe da facção criminosa, Willians Herbas Camacho, o Marcola.