Título: REBELIÕES PROVOCAM PELO MENOS 11 MORTES
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Fonte: O Globo, 15/05/2006, O País, p. 3

Em Jaboticabal, os presos amotinados atearam fogo no delegado; das 69 revoltas, 25 foram encerradas ontem

GUARULHOS (SP). O clima de guerra civil que tomou conta de São Paulo envolveu 63% dos presídios paulistas, de acordo com a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). Das 69 rebeliões que ocorreram desde a noite da última sexta-feira, somente 25 haviam sido encerradas até o início da noite de ontem. Pelo menos 230 pessoas continuavam mantidas reféns e 85 haviam sido liberadas. Oito presos morreram na cadeia de São Sebastião, litoral norte, neste domingo. Eles colocaram fogo nas celas. Outros quinze presos ficaram feridos e foram levados para a Santa Casa da cidade. Um juiz está no local para negociar com os detentos.

Na Penitenciária Masculina de Ribeirão Preto, três presos foram mortos a golpes de estilete e cinco ficaram feridos. Seis agentes penitenciários também foram agredidos pelos detentos. A rebelião terminou depois de mais de 24 horas de negociação. Segundo a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, regional de Ribeirão Preto, Ana Paula Vargas Melo, todos os pavilhões foram destruídos:

¿ Vão ter de improvisar para eles comerem e dormirem.

Um dos casos mais graves aconteceu na penitenciária de Jaboticabal. Os presos rebelados atearam fogo no delegado Adelson Taroko, depois de prendê-lo num colchão no momento das negociações. De acordo com a Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, o delegado teve 70% do corpo queimado e está em estado grave. No conflito, dois presos foram baleados e quatro ficaram queimados.

Na região de Ribeirão também houve uma série de ataques a policiais. O cabo da Polícia Militar Eliseu Silva Muniz, de 48 anos, estava em um bar no Jardim Alvorada, em Franca, na companhia do filho quando foi alvejado por vários disparos. Um dos tiros acertou o queixo do policial, que foi internado e não corre perigo.

Em Matão, Guarda Civil foi alvo de bomba

Em Matão, quatro pessoas atiraram uma bomba em um carro em frente à sede da Guarda Civil Municipal, que pegou fogo. Ninguém ficou ferido. Em Serra Azul o motim começou no sábado, mas terminou no final da tarde do mesmo dia quando os familiares e agentes penitenciários foram liberados.

De acordo com a SAP, a população carcerária do estado de São Paulo é de 124.498 detentos, distribuídos por 77 penitenciárias, das quais três são consideradas de segurança máxima, e 32 Centros de Detenção Provisória (CDP).

¿ Todos os presídios que são controlados pela maior organização criminosa que atua em São Paulo entraram em rebelião. Só não tem ou não teve rebelião os presídios dominados por outros partidos (organizações) ¿ disse um funcionário do complexo presidiário de Guarulhos, na Grande São Paulo

Em Guarulhos, os dois Centros de Detenção Provisória (CDP) são localizados lado a lado na Via Dutra, A principal organização criminosa do estado conseguiu tomar o CDP 1 e o Presídio Desembargador Adriano Marrey, também ao lado. Mas no CDP 2, que integra o complexo de presídios de Guarulhos, não houve rebelião. Segundo um dos funcionários, o CDP 2 é controlado por uma outra organização rival.