Título: GOVERNADOR DE SÃO PAULO REJEITA AJUDA FEDERAL
Autor:
Fonte: O Globo, 15/05/2006, O País, p. 3

Ministro da Justiça diz que Polícia Federal e 4 mil homens da Força Pública do Exército continuam à disposição

SÃO PAULO. Nem a guerra ao crime organizado conseguiu levar o governo paulista e o governo federal a uma trégua na disputa política entre a oposição e o PT. O governador Cláudio Lembo, do PFL, rejeitou a ajuda da Polícia Federal e dos quatro mil homens da Força Pública do Exército para combater os ataques a postos policiais e rebeliões nos presídios do estado.

¿ O Exército tem é que controlar nossas fronteiras ¿ disse Lembo, em entrevista ontem.

Ministro telefonou ao governador no sábado

Na tarde de sábado, quando explodia a crise da segurança, o ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, telefonou ao governador. Ofereceu homens da Polícia Federal e seu serviço de inteligência, além de um grupo de elite com agentes penitenciários de outros estados. Lembo agradeceu, mas recusou a ajuda. Ele disse que aceitaria apenas informações da PF sobre as ações dos criminosos. Ontem, reagiu:

¿ São Paulo não precisa da Polícia Federal. Confio na Polícia Civil e Militar de São Paulo, que são profissionais, capacitadas e têm agido com grande segurança e lisura. Vamos resolver essa situação ¿ afirmou o governador.

O ministro disse ontem, por meio de sua assessoria, que ¿entende que o papel da União é apoiar os estados¿ e manteve a oferta de ajuda ao governo estadual. Thomaz Bastos também disse considerar que ¿São Paulo tem condições de contornar a crise, mas que o Ministério está à disposição¿.

Ontem à tarde, o Ministério da Justiça informou que os estados podem contar com sete mil homens (entre policiais militares e bombeiros) da Força Nacional de Segurança. Segundo a assessoria de Thomaz Bastos, o grupo não faz intervenção, mas dá apoio. Só é acionado mediante pedido dos governadores. Até às19h30m, nenhum dos estados em que ocorrem rebeliões havia pedido o reforço.

¿ É preciso se reforçar a CPI do crime organizado. Encontramos agora (nas prisões) muitas armas pesadas, metralhadoras, escopetas. São armas de uso militar, muitas vezes furtadas, que passam pelas nossas fronteiras. Isso tem de ser tratado pela Polícia Federal ¿ reclamou Lembo.

O Exército, ontem, também colocou à disposição o contingente de 4 mil homens da Força Pública, militares treinados pelas Forças Armadas para atuar nas cidades durante motins e crises da segurança pública. Lembo descartou a ajuda:

¿ Não há por que cogitar isso. Toda noite São Paulo vive situações difíceis. O Exército tem outra função, que é a preservação da soberania nacional e não questões de ordem interna do Estado, que vamos resolver.

(*) Com Diário de S.Paulo