Título: LULA INVESTE NO PMDB E OFERECE VAGA DE VICE
Autor: Mariana Belmont
Fonte: O Globo, 15/05/2006, O País, p. 13

Partido deverá recusar proposta e não aceitar coligação

BRASÍLIA. Derrotada a tese da candidatura própria na convenção do PMDB, anteontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai partir para o ataque, na tentativa de ter um vice pemedebista nas eleições de outubro. A tarefa, no entanto, não será fácil, pois a ala que venceu a convenção de sábado quer o partido livre para negociar alianças nos estados e levar o PMDB a eleger o maior número de governadores, senadores e deputados. O PMDB tem chances de vitória em 13 estados, em coligações variadas.

O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, e o ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, reúnem-se hoje com o ex-presidente Itamar Franco, que chegou a se lançar como pré-candidato do PMDB à Presidência da República. Em conversa com o presidente do partido, Michel Temer, Tarso ofereceu a vaga de vice de Lula ao partido.

¿ O PMDB está fora da tese de ter o vice. Se considerássemos essa possibilidade, o Renan não teria se tornado inelegível ¿ afirmou o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE), ex-ministro das Comunicações do governo Lula, referindo-se ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que se tornou inelegível nestas eleições por ter exercido interinamente a Presidência, durante a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Áustria.

No Rio, Sérgio Cabral deve tentar aliança com tucanos

Até a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) mantendo a verticalização (obrigação de reproduzir nos estados as alianças nacionais), Renan era cotado para ser vice de Lula. Com a verticalização, setores do partido se puseram contra o lançamento de candidato próprio e de uma coligação nacional. As duas situações inviabilizam amplas alianças estaduais.

Há estados em que o PT é adversário do PMDB ¿ como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná ¿ e o PSDB aliado em potencial. Já no Tocantins, em Goiás e no Amazonas, o PMDB poderá se coligar ao PT. Em São Paulo, as negociações comandadas pelo ex-governador Orestes Quércia passam tanto pelo PT como pelo PSDB. No Rio de Janeiro, o senador Sérgio Cabral Filho, candidato ao governo do estado, deve buscar o entendimento com os tucanos.

¿ Agora todo mundo vai correr atrás das suas coligações ¿ disse Eunício.

Segundo o deputado, a tese de defesa das alianças estaduais supera a da candidatura própria e a de dar o vice a Lula. A disputa interna do PMDB só deve se resolver na convenção do dia 11 de junho, dentro do calendário previsto na Lei Eleitoral.