Título: MÍDIA PAULISTA DESTACA VIOLÊNCIA NO RIO
Autor: Elenilce Bottari e Fábio Gusmao
Fonte: O Globo, 16/05/2006, O País, p. 10

Pesquisa: jornais de SP dão grande espaço ao estado vizinho

Pesquisa feita pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), da Universidade Cândido Mendes, divulgada no início do mês, mostra que dois jornais paulistas ¿ ¿O Estado de S. Paulo¿ e a ¿Folha de S.Paulo¿ ¿ dão um espaço considerável a notícias sobre violência no Rio. Segundo a pesquisa, na ¿Folha¿ as notícias sobre o Rio chegaram a 28,8% contra 46,8% sobre o Estado de São Paulo e apenas 3,4% sobre Minas. Já no ¿Estado¿, reportagens sobre acontecimentos em São Paulo somaram 44,7%, enquanto as notícias sobre o Rio eram 28,5% e o espaço dedicado a Minas Gerais somava 4,5%.

A pesquisa, intitulada ¿Mídia e violência ¿ Como os jornais retratam a violência e a segurança pública no Brasil¿, coordenada por Silvia Ramos e Anabela Paiva, foi feita com base na análise de 2.514 reportagens publicadas entre maio e setembro do ano passado por nove jornais nas três principais regiões metropolitanas do país: Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo. Em cada capital, os pesquisadores selecionaram os dois principais veículos considerados formadores de opinião e um terceiro, mais popular. No Rio, a pesquisa selecionou O GLOBO, o ¿Jornal do Brasil¿ e ¿O Dia¿. Em São Paulo, a ¿Folha de S.Paulo¿, o ¿Estado de S.Paulo¿ e ¿Agora São Paulo¿; e em Belo Horizonte, ¿O Estado de Minas¿, ¿Hoje em Dia¿ e ¿Diário da Tarde¿.

Segundo a pesquisa, a média das publicações dos jornais de Minas revela que 70% das notícias policiais são baseadas em casos ocorridos no próprio estado, 8,7% são notícias do Rio e 9,6% são de São Paulo.

O estudo foi tema de debate entre profissionais da imprensa desses três estados. Eles concluíram que Rio e Minas estão certos ao destacarem os problemas de seus estados, em vez de minimizar a questão da segurança em seu estado, como fazem tradicionalmente os jornais de São Paulo.

Uma das principais conclusões extraídas da pesquisa foi a constatação de que os jornais analisados deixaram de apresentar coberturas meramente criminais, típicas das antigas seções de polícia, passando a tratar da segurança pública e a se aprofundar no tema.