Título: CRÉDITO TRIBUTÁRIO FAZ BB LUCRAR R$ 2,34 BILHÕES
Autor: Ronaldo D'Ercole
Fonte: O Globo, 16/05/2006, Economia, p. 27

Sem esse ajuste no balanço, resultado da instituição no 1º trimestre seria de R$938 milhões, atrás de Bradesco e Itaú

SÃO PAULO. O Banco do Brasil obteve lucro líquido de R$2,34 bilhões no primeiro trimestre do ano, valor 143% superior ao registrado um ano antes. Porém, o lucro do banco oficial, que superou com certa folga os ganhos dos gigantes privados Bradesco (R$1,53 bilhão) e Itaú (R$1,45 bilhão), foi inflado por uma decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN), que permitiu a incorporação pelo BB de créditos tributários no valor de R$1,9 bilhão no trimestre.

Apesar dessa autorização, o BB decidiu que R$500 milhões desse total seriam utilizados para reforçar provisões no balanço. Com isso, apenas R$1,4 bilhão entrou como ganho.

Descontado esse recurso, o lucro líquido no trimestre foi de R$938 milhões, 14% maior que o resultado dos primeiros três meses de 2005. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio do BB, sem os efeitos extraordinários, foi de 23%.

Carteira de crédito chegou a R$95,7 bi

Sem o ganho extraordinário, o BB cai para o terceiro lugar no ranking dos bancos mais lucrativos que já divulgaram resultados no primeiro trimestre. Fica à frente apenas do Unibanco, cujo lucro líquido no período foi de R$520,4 milhões.

Maior banco do país, o BB chegou ao fim de março com uma carteira de crédito de R$95,7 bilhões, descontados avais, fianças e financiamentos ao comércio exterior, saldo 14,8% maior que o do ano anterior. Os saldos das carteiras de crédito do Bradesco e do Itaú cresceram 28% e 25,5%, respectivamente, nesse mesmo período.

Por segmentos, a carteira de crédito ao consumidor do BB cresceu 15,9%, para R$19,77 bilhões, e os repasses de recursos livres a pessoa física, 27,1%, para R$18,6 bilhões. No crédito consignado, as operações contratadas expandiram-se 165,3%, para R$4,69 bilhões.

¿- Temos caprichado na oferta de crédito em nossa rede de agências, bem como nos terminais de atendimento automático ¿ disse o vice-presidente de Varejo do BB, Antonio Francisco Lima Neto, lembrando que há limites de crédito pré-aprovados oferecidos a 23 milhões clientes. ¿ A inadimplência média da carteira do banco era de 4,3% do total contratado no fim de março, enquanto as provisões contra créditos de difícil recebimento totalizavam 7,3% da carteira, o equivalente a R$7,7 bilhões.

O Banco Popular do Brasil, subsidiária do BB para microcrédito, registrou prejuízo de R$14,8 milhões de janeiro a março deste ano, uma queda de 14% frente à perda de R$17,3 milhões no último trimestre de 2005.

¿ Se considerarmos que é um banco em processo de maturação, não é um mau resultado ¿ comentou o presidente do Banco Popular do Brasil, Robson Rocha.