Título: FRAUDE DA AMBULÂNCIA EM 60 CIDADES
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 17/05/2006, O País, p. 18

Controladoria Geral da União descobre licitações com cartas marcadas

BRASÍLIA. A farra da compra irregular de ambulâncias foi adotada por pelo menos 60 municípios brasileiros, espalhados pelas cinco regiões do país, revela um relatório divulgado ontem pela Controladoria-Geral da União (CGU). Oito destas cidades ficam no Rio e receberam desde 2001 cerca de R$3,6 milhões do Fundo Nacional de Saúde, sempre repassados às prefeituras. Os técnicos do órgão encontraram desde licitações de cartas marcadas até casos em que os veículos foram entregues com motores inferiores aos previstos e sem equipamentos.

As fraudes na compra das ambulâncias podem ser ainda maiores. O relatório divulgado ontem pela CGU é um apanhado das inspeções mensais feitas pelo órgão desde o início de 2003 em municípios que têm contratos com o governo federal, escolhidos por amostragem.

Em São João de Meriti, suspeita de atuação da máfia

As irregularidades não têm necessariamente relação com a atuação da máfia dos sanguessugas. Mas há vários casos em que são visíveis os rastros da quadrilha, como nas inspeções feitas em quadro municípios fluminenses: Itatiaia, Barra do Piraí, São João de Meriti e Saquarema.

De 2001 a 2003, São João de Meriti recebeu R$1,8 milhão para a compra de ambulâncias. Neste período, a maioria das licitações abertas pela prefeitura para a compra das ambulâncias foi vencida pelas empresas cujos sócios são apontados pela PF como os donos da máfia desbaratada este mês. Boa parte dos contratos de São João foi abocanhada pela Santa Maria, pela Klass e pela Planam. As três empresas são controladas, de fato, por Luiz Antonio Vedoin e Darci José Vedoin, e participaram das licitações como falsas concorrentes.

Ontem, o Ministério da Saúde anunciou que bloqueou o repasse de recursos para o Instituto Brasileiro de Educação e Cultura (Ibrae), apontada pela Operação Sanguessuga como instrumento de atuação da máfia das ambulâncias no estado do Rio. Como O GLOBO mostrou domingo, o dinheiro que abastece a entidade foi liberado através de emendas parlamentares de dois deputados do Rio citados pela PF: Paulo Baltazar (PSB) e José Divino (PRB).