Título: APÓS TRÊS ALTAS SEGUIDAS, DÓLAR CAI 2,33%
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 17/05/2006, Economia, p. 28

Dados positivos da economia americana fazem moeda fechar a R$2,135

O cenário externo mais tranqüilo garantiu ontem uma forte queda do dólar após três dias de alta acelerada, em que a moeda acumulou valorização de mais de 6%. Ontem, o dólar caiu durante todo o dia e encerrou os negócios próximo à mínima (R$2,131), cotado a R$2,135, em queda de 2,33%. O risco-Brasil caiu 1,63%, para 241 pontos centesimais, e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 0,37%.

Depois de dias de nervosismo devido à expectativa de que pressões inflacionárias nos Estados Unidos resultassem num período maior de juros elevados, dados macroeconômicos mostraram uma economia não tão aquecida e com a inflação sob controle. Isso tranqüilizou os investidores, que aproveitaram as perdas recentes para comprar ações e títulos da dívida a custo mais baixo, e também a alta do dólar para vender moeda com um lucro maior.

A inflação no atacado ¿ PPI, na sigla em inglês ¿ ficou em 0,9% em abril, acima das projeções do mercado de 0,8%. No entanto, o núcleo da inflação, que exclui grandes variações de preços, ficou em 0,1%, bem abaixo das estimativas dos analistas, de 0,2% para o mês. Com a inflação sob controle, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não precisa continuar a subir as taxas de juros, mantendo-as em patamar elevado por muito tempo. Com juros estáveis, investidores voltam a buscar ganhos maiores em ativos de mercados emergentes.

O volume de construção de novas casas também animou os investidores, pois registrou queda em abril. No mês, foram construídos 1,85 milhão de imóveis residenciais, bem menos que as projeções de 1,95 milhão, mais um sinal, como a inflação, de que a economia não está ainda a pleno vapor. Os dados de inflação e construção compensaram a produção industrial mais forte nos Estados Unidos: de 0,8% em abril, ante 0,6% no mês anterior.