Título: CPI DO TRÁFICO QUER OUVIR CHEFE DO CRIME
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 19/05/2006, O País, p. 8

Comissão ainda vai decidir dia e local do depoimento; Aldo não quer que seja na Câmara

BRASÍLIA. A CPI do Tráfico de Armas vai interrogar Marcos Camacho, o Marcola, apontado como um dos principais líderes da organização criminosa que comandou as rebeliões em São Paulo. A comissão vai decidir na próxima terça-feira a data e o local do depoimento. O presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), é contra a realização do interrogatório nas instalações da Casa, mas segundo o presidente da CPI, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), a decisão caberá à comissão.

CPI quer ouvir advogados de Marcola na terça-feira

A audiência poderá ser realizada na Câmara ou na penitenciária de Presidente Bernardes, onde Marcola está preso. O requerimento de convocação do criminoso foi aprovado no último dia 3 de maio, antes da onda de violência e rebeliões em prisões no estado de São Paulo e em outros estados. Embora Aldo tenha declarado à imprensa, antes de viagem oficial aos EUA, ser contrário à realização do depoimento na Casa, Moroni Torgan afirma que há condições para colher, na própria Câmara, o depoimento do líder da facção criminosa.

Segundo Moroni, outros depoimentos de presos de alta periculosidade, como Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e o empresário Ronaldo Duarte Freitas, o Naldinho, acusado de participar de esquema de tráfico de drogas em Santos, foram tomados pela CPI.

¿ Mais do que condições para ouvi-lo, nós temos o dever. Precisamos mostrar à sociedade que estamos decididos a debelar o PCC ¿ disse o presidente da CPI.

Na próxima terça-feira, a CPI também quer ouvir os depoimentos dos advogados de Marcola, Sergio Weslei da Cunha e Cristina de Souza, acusados de comprar o depoimentos dos delegados. Na quinta-feira, a CPI quer fazer uma acareação entre os advogados e Arthur Vinícius. A CPI continuará investigando o vazamento. Já foram solicitados o sigilo dos telefonemas dados no setor de áudio e também será ouvido o chefe do setor.