Título: LEMBO FOI AMEAÇADO DE MORTE POR FACÇÃO CRIMINOSA
Autor: Sergio Roxo
Fonte: O Globo, 20/05/2006, O País, p. 8

Presos também planejavam matar outras autoridades

SÃO PAULO. Os chefes da facção criminosa responsável pela onda de ataques em São Paulo ameaçaram de morte o governador Cláudio Lembo (PFL) e o secretário estadual da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa. As ameaças ocorreram quando os chefes da facção foram transferidos semana passada para a sede do Departamento de Investigações contra o Crime Organizado (Deic), na Zona Norte da capital, antes do início dos atentados.

Os relatos das ameaças contra Lembo e Furukawa foram testemunhados por agentes e constam, segundo o juiz-corregedor dos presídios da capital, Carlos Fonseca Monnerat, no pedido feito pela Secretaria de Administração Penitenciária para que cinco chefes da facção criminosa sejam mantidos no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).

Com base no relatório, em que constam também ameaças a policiais e diretores de presídios, Monnerat determinou anteontem que Marcelo Moreira Prado, o Exu, Eduardo Lapa dos Santos, o Lapa, Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Luiz Henrique Fernandes, o LH, e o chefe da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, passem 90 dias internados no RDD.

Irritação com transferência motivou ataques

Os integrantes da cúpula da facção teriam dito ainda que ordenariam o início dos ataques por causa das transferências. ¿Há prova de que Marcola, no dia 12 último, na presença de várias pessoas, teria afirmado que havia passado ordem para que houvesse represálias por causa de sua transferência. Tais represálias atingiriam tanto unidades prisionais quanto a sociedade civil e o estado¿, disse o juiz em sua decisão determinando a internação de Marcola.

A decisão de manter Marcola no RDD vai impedir, segundo Monnerat, que a investigação sobre os atentados seja prejudicada. ¿Os demais documentos juntados demonstram a realização de inúmeros atos da mais vil covardia e vandalismo, materializando as ameaças formuladas. Sem sua inclusão cautelar, (Marcola) poderia encontrar meios para dar continuidade aos atos mencionados e atrapalhar a apuração do já ocorrido e de sua participação¿, escreveu ainda o juiz-corregedor dos presídios, em sua decisão.

Os cinco detentos já estão, desde o último dia 13, no RDD, no Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes, a 605 quilômetros da capital. A transferência era provisória, com validade de apenas dez dias. No RDD, o preso fica isolado em cela individual, sem contato com colegas e tem direito a apenas duas horas diárias de banho de sol. Também não tem acesso a jornais e televisão.

¿ Já despachei todos os pedidos de transferência de presos para o RDD feitos pela secretaria (desde que os atentados foram iniciados) ¿ afirmou Monnerat ontem à tarde.

Uma outra decisão da Justiça tomada quarta-feira, atendendo a pedido de promotores, já havia determinado que Marcola fique 90 dias no RDD.

(*) Do Diário de S.Paulo