Título: EXPORTAÇÕES: ANALISTA DEFENDE JURO MENOR
Autor: Patricia Eloy e Ronaldo D'Ercole
Fonte: O Globo, 20/05/2006, Economia, p. 42

Especialistas dizem que taxa atraente estimula entrada de dólar no país

BRASÍLIA. Especialistas em comércio exterior consideraram positivas as medidas que estão sendo estudadas pelo governo para ajudar os exportadores a compensar perdas provocadas pela valorização do real em relação ao dólar. Eles ressaltam, porém, que esses benefícios têm apenas papel secundário na solução da atual crise e que o essencial é a redução dos juros. A taxa Selic está hoje em 15,75% ao ano, uma das remunerações mais atrativas do planeta, o que estimula a entrada de dólares no país, derrubando a cotação. Também desestimula a fixação de juros menores em financiamentos no mercado doméstico.

Segundo o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, a ampliação do prazo para as empresas entrarem com dólares no país e a possibilidade de compensarem exportações com importações antes de trazerem suas receitas podem reduzir os custos dos exportadores em 4%.

¿ Essas medidas são boas, posso dizer até ótimas no cenário atual ¿ disse ele.

Porém, segundo ele, a melhor forma de o governo solucionar o problema dos exportadores seria reduzindo as taxas de juros, o que provocaria uma valorização da moeda americana no mercado nacional.

Essa também é a avaliação do economista da RC Consultores Fábio Silveira:

¿ A solução relativa ao câmbio vai ser tomada pelo Banco Central, que tem o poder de baixar os juros.

Para economista, Brasil perde oportunidade

Castro também defende que o governo volte atrás na decisão de isentar do Imposto de Renda investidores que apliquem recursos em títulos da dívida pública. Segundo ele, a medida, que entrou em vigor em fevereiro, trouxe uma enxurrada de dólares para o país, o que derrubou ainda mais a cotação da moeda americana.

Outra idéia defendida pelo vice-presidente da AEB é que o governo amplie a concessão de financiamentos com juros mais baixos para os exportadores. Segundo ele, esse tipo de benefício faria com que empresas tenham mais capital de giro e reduzam sua demanda por operações de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), pelas quais as empresas obtêm, junto aos bancos, recursos antecipados no valor de uma exportação.

O economista Paulo Mol, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), também diz que as medidas em estudo na área cambial são importantes, mas insuficientes.

¿ O Brasil está perdendo uma oportunidade fantástica de se inserir melhor no mercado internacional ¿ afirma.