Título: TRABALHO DE INTELIGÊNCIA PODE EVITAR REBELIÕES
Autor: Jailton de Caravalho
Fonte: O Globo, 21/05/2006, O País, p. 10

Para especialistas, presídios precisarão de vigilância extrema

BRASÍLIA. O secretário de Administração Penitenciária do Espírito Santo, Ângelo Roncalli, afirma que é importante reforçar a vigilância com um serviço de inteligência. Para Roncalli, ex-diretor do Departamento Penitenciário Nacional, o serviço de inteligência especializado pode ajudar o governo a adotar medidas preventivas contra eventuais rebeliões. Servirá também para reduzir os elevados índices de corrupção de servidores públicos dentro das prisões.

O secretário argumenta que o crime organizado tem movimentado altas somas e, só com vigilância extrema será possível coibir a compra de favores dentro da cadeia.

¿ Soube de um caso no Rio de Janeiro em que um criminoso pagou R$200 mil só para garantir a entrada de uma determinada pessoa num presídio. O poder de corrupção da criminalidade está cada vez mais alto ¿ disse.

Também como medida anticorrupção, Roncalli propõe ainda que o sistema de inteligência esteja atento a sinais exteriores de riqueza incompatíveis com a renda declarada dos agentes. Elizabeth Sussekind inclui ainda entre as medidas de segurança fundamentais o acompanhamento médico e psiquiátrico dos agentes. Segundo ela, são elevados os índices de loucura e suicídio entre os funcionários de presídios. Como trabalham sob forte pressão, a tendência deles é sofrer as mesmas doenças que atingem os presos. Os agentes penitenciários contratados para trabalhar em Catanduvas receberão salários mensais de R$3,8 mil, mais ajuda para transporte e alimentação.

Lotação máxima de 200 detentos

A ex-secretaria diz ainda que as refeições devem ser produzidas fora dos presídios. Cozinhas em presídios são, de acordo com ela, portas de entrada de armas e drogas nas celas. Sussekind chama ainda a atenção para um detalhe que, aparentemente, tem sido ignorado pelos autores dos projetos de presídios federais. Segundo ela, as penitenciárias, especialmente as federais, devem ser erguidas em áreas isoladas, longe de áreas urbanas. Hoje, é comum parentes de presos levantarem barracos nas proximidades dos presídios.

¿ Não pode ser permitida a criação de favelinhas em torno dos presídios.

Os cinco presídios planejados pelo governo federal terão, cada um, 200 vagas. Roncalli e Sussekind consideram que este é o tamanho máximo de uma penitenciária federal destinada a presos de alta periculosidade. Para os dois especialistas, em presídios de segurança máxima o diretor do estabelecimento deve conhecer cada um dos detentos.