Título: EM DISCUSSÃO, MAIS RIGOR NAS PENITENCIÁRIAS
Autor: Jailton de Caravalho
Fonte: O Globo, 21/05/2006, O País, p. 10

Especialistas defendem monitoramento total, isolamento de presos e revista eletrônica até dos advogados

BRASÍLIA. A barbárie das rebeliões de presidiários paulistas nos últimos dias aumentou a expectativa em torno do papel dos presídios de segurança máxima na redução da violência das cadeias brasileiras. Mas, para alguns especialistas, o sistema só funcionará se estiver assentado em regras elementares como isolamento de presos em células individuais, monitoramento total 24 horas por dia de detentos e agentes carcerários. Também estão nesta lista de prioridades máximas de segurança a proibição do uso de celular e revistas eletrônicas de todos os visitantes de presídio, inclusive de advogados.

Com a experiência de quem já comandou a Secretaria Nacional de Justiça, a advogada e ativista política Elizabeth Sussekind considera imprescindível a redução de contato humano entre presos e também entre detentos e carcereiros.

Especialista é contra até as visitas íntimas

Segundo ela, presos detidos nas novas penitenciárias federais, por exemplo, só devem ter contato direto com outras pessoas quando estiverem sob tratamento médico. Ela é contra até mesmo que presos destes estabelecimentos recebam visitas íntimas.

O presídio federal de Catanduvas, que será inaugurado no próximo mês, terá áreas especiais para encontros íntimos. Mas o uso delas ainda depende de uma deliberação da futura administração do presídio.

Sussekind sustenta que o sistema corre o risco ainda de repetir os erros dos presídios tradicionais se não houver uma fiscalização permanente e irrestrita de presos, agentes carcerários, advogados e todos os demais visitantes da penitenciária.

¿Todo mundo tem que passar por revista¿

Para a ex-secretária, o governo não pode poupar esforços para instalar nos presídios os mais sofisticados equipamentos eletrônicos, como detectores de metais de alta sensibilidade, raio-x e circuito interno de TV controlado à distância, de fora da penitenciária.

¿ Nesses presídios tem que haver monitoramento 24 horas por dia com equipamentos de qualidade. A entrada e saída de pessoas tem que ser altamente controlada também. Todo mundo tem que passar por revista, inclusive os advogados ¿ afirma a ex-secretária.