Título: DECISÃO SOBRE SIDERÚRGICA SAIRÁ DENTRO DE UM MÊS
Autor: Paulo Yafusso e Mirelle de França
Fonte: O Globo, 21/05/2006, Economia, p. 39

Moradores não aceitam deixar local onde será feita a obra

CORUMBÁ e RIO. A liberação do empreendimento depende agora da Secretaria do Meio Ambiente do Estado, que em 30 dias decidirá se vai ou não expedir a licença prévia para a implantação da siderúrgica. O secretário José Elias Moreira explicou que, caso o projeto seja aprovado, a EBX terá que cumprir todas as exigências mitigatórias que constam no próprio EIA-Rima, como, por exemplo, a instalação de equipamentos de última geração para controle dos poluentes lançados na atmosfera. E isso deve ser feito conforme os limites estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Mas o projeto da EBX não encontra resistência só nas questões ambientais. As 19 famílias que ocupam a área de 50 hectares onde a empresa pretende instalar a siderúrgica recusam-se a deixar o local. Elas receberam na semana passada notificação dando prazo de 20 dias para desocuparem a área localizada no distrito de Maria Coelho, a 40 quilômetros do centro de Corumbá.

Em 1993, esse local foi destinado, por meio de decreto do governo do estado, à implantação da Zona de Processamento das Exportações (ZPE), que ficou no papel.

Despejo de famílias pode ser decidido na Justiça

Segundo Patrícia Zerlotti, da ONG ambientalista ECOA (Ecologia e Ação), duas das 19 famílias instaladas na região já detêm a posse da área onde vivem há cerca de 50 anos. As famílias se negaram a assinar a notificação, e o despejo deverá ser decidido pela Justiça.

Sobre a questão da famílias, a EBX não se pronunciou e informou apenas que este é um problema que deverá ser resolvido pelo Estado de Mato Grosso do Sul e as famílias. Fontes ligadas à operação, no entanto, afirmam que a empresa tem a intenção de indenizar essas famílias.

Obra em MS está orçada em US$75 milhões

O projeto da EBX em Corumbá é orçado em US$75 milhões e prevê a produção de 375 mil toneladas de ferro-gusa por ano. A expectativa, segundo a empresa, é de que sejam gerados 550 empregos diretos e 2.600 indiretos durante as obras, e 250 diretos na operação da usina. Já no fornecimento de carvão vegetal no Mato Grosso do Sul, serão gerados 3 mil empregos diretos e 12 mil indiretos.

Caso saia a licença ambiental, segundo Vaz, as obras deverão começar dentro de dois ou três meses. O executivo ressaltou ainda que a fábrica de Corumbá não tem qualquer relação com o projeto da empresa vetado pelo governo boliviano.

¿ São dois projetos independentes, embora ambos fiquem perto da fronteira. (Paulo Yafusso e Mirelle de França)