Título: O que falta decidir
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 22/05/2006, O GLOBO, p. 2

Os partidos médios estão adotando táticas eleitorais diferentes para tentar atingir a cláusula de desempenho de 5% dos votos para a Câmara. O PTB, o PL, o PP e o PV optaram por ficarem liberados para alianças nos estados. O PCdoB e o PSB estão decididos a fechar uma coligação nacional com o PT. Já o PDT e o PPS estão inclinados a lançar candidatos próprios ao Palácio do Planalto.

As executivas do PDT e do PPS realizam reuniões nesta semana para discutir as candidaturas do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e do deputado Roberto Freire (PPS-PE). Faltam apenas esses dois partidos se definirem para determinar se a eleição presidencial terá três ou cinco candidatos. Apesar do empenho do senador Pedro Simon (RS) pela candidatura do PMDB, o resultado da convenção de maio é um indicativo do que pensa o partido.

No PDT e no PPS existem resistências ao lançamento das candidaturas de Cristovam e Freire, sob a alegação de que o partido terá maior dificuldade de obter os 5% dos votos. Sem isso os partidos perderão direito ao funcionamento parlamentar, à propaganda partidária no rádio e na televisão e aos recursos do Fundo Partidário. O outro foco da pressão vem dos estados, onde os candidatos ao governo querem se livrar da candidatura presidencial para viabilizar alianças eleitorais.

No PDT os candidatos a governador no Rio Grande do Sul, Alceu Collares, no Maranhão, Jackson Lago, e no Paraná, Osmar Dias, acompanham a posição da maioria da bancada, que é crítica da candidatura própria. Mas a executiva, formada por brizolistas que têm como principal preocupação manter vivo o trabalhismo, considera que um candidato à Presidência ajudará a atingir os 5%. Essa tensão deve se manter até o fim de junho, prazo para os partidos decidirem oficialmente sua posição sobre as eleições presidenciais.

No PPS a situação é a mesma. Candidatos ao governo, que precisam de alianças para se viabilizar, querem que Freire abra mão de sua candidatura. O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), propôs a retirada da candidatura do partido e em troca ofereceu o apoio dos pefelistas a candidatos do PPS ao governo, entre os quais: o governador Blairo Maggi (MT), a deputada Denise Frossard (RJ), Rubens Bueno (PR) e Márcio Bittar (AC). Os aliados do tucano Geraldo Alckmin querem tirar do caminho candidatos que possam dispersar os votos da oposição.