Título: MORTE NO MAR DE ANGRA
Autor: Dicler Simões, Guilherme Freitas e Leonardo
Fonte: O Globo, 22/05/2006, Rio, p. 8

Choque entre lancha e traineira mata um homem e deixa mulher desaparecida

Uma pessoa morreu e duas ficaram feridas no choque de uma lancha de 58 pés com uma traineira de carga de dez metros de comprimento, na madrugada de ontem, entre as ilhas de Cataguases e de Guaxima, em frente ao Condomínio Mombaça, em Angra dos Reis. Uma mulher que viajava na traineira está desaparecida. A casa de máquinas da traineira foi destruída. A Capitania dos Portos de Angra dos Reis e a 166ª DP (Angra) abriram inquéritos para apurar o caso. Segundo a Capitania, este ano já ocorreram nove acidentes na Baía de Angra, nenhum deles com morte.

A lancha September V retornava da Ilha do Bonfim, em frente à Escola Naval, no lado oeste de Angra, e seguia para o Condomínio Mombaça. Nela estavam o proprietário da embarcação, um marinheiro e três mulheres, que estariam voltando da festa de casamento de um filho do presidente da CBF, Ricardo Teixeira. As duas embarcações se chocaram perto da costa. Gérson Paula da Silva, de 23 anos, que pilotava a traineira, morreu. Parte das roupas de Giovana Aparecida Santos Moreira, de 29 anos, foi encontrada presa a um pedaço de madeira da traineira. Os dois viajavam na Pena Mar. Giovana embarcara de carona na Praia do Abraão, na Ilha Grande, e pretendia chegar ao Cais de Santa Luzia, no Centro da cidade. Na Capitania, consta como proprietária da September V a empresa Plajap Participações Ltda. Ademar Tavares seria o dono da traineira.

ICCE fará laudo das duas embarcações

Oito pessoas estavam na traineira. Duas ficaram feridas e foram levadas ao Hospital Codrato de Vilhena. Daniel Francisco da Silva, de 21 anos, sofreu uma fratura na perna. Paulo Sérgio Barbosa, de 34, quebrou a bacia. Giovani Quintino da Silva, de 19 anos, passageiro da traineira, contou na delegacia que a lancha estaria sendo pilotada pelo proprietário da embarcação. Disse ainda que a lancha levou os feridos até a costa e depois foi embora. O dono da lancha seria um banqueiro, cujo nome não foi divulgado, O marinheiro foi identificado como Alex Sandro de Oliveira Ricardo.

¿ A lancha devia estar em alta velocidade e não vimos quando ela se aproximava. Só sentimos o impacto ¿ disse Paulo Sérgio, que estava dentro da casa de máquina na traineira, com o homem que morreu.

A polícia ouvirá outras testemunhas hoje. O Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) fará o laudo técnico das duas embarcações. A Capitania dos Portos e a Defesa Civil fizeram buscas ao longo do dia, mas até o início da noite o corpo da mulher ainda não havia sido encontrado.

O presidente da TurisAngra, Manoel Francisco de Oliveira, disse que a Capitania dos Portos tem se esforçado para fiscalizar as embarcações, mas encontra dificuldades:

¿ As lanchas de passeio em Angra estão cada vez maiores. São embarcações de até 120 pés, veículos potentes que navegam em velocidade muito alta. Casos de lanchas se chocando com pedras são comuns. Por outro lado, diversas traineiras estão em condições precárias, sem iluminação, sinalização ou material de salvamento.

As condições do mar ontem, segundo a rádio-operadora Marian Teixeira de Paula, do Iate Clube de Angra dos Reis, eram boas.

¿ Havia previsão de chuva, mas não choveu ¿ disse. ¿ A visibilidade também estava boa. Pela previsão de sábado, estava tudo tranqüilo.

Segundo ele, uma revista náutica de órgãos de turismo local identifica os pontos perigosos daquela região. São eles: Laje do Maná, Laje do Antônio, Laje da Ponta de Jurubaíba, Laje da Ilha dos Cocos, Laje da Boa Vista, Parcel da Ilha dos Coqueiros, Parcel de Areal Grande, Parcel da Araçatiba, Parcel da Ilha do Peregrino e Laje da Ponta do Jurubá.

* Do Extra

COLABORARAM: Elizabete Antunes e William Helal Filho