Título: Quanto mais demorar mais difícil será achar os autores¿
Autor: Chico Otavio
Fonte: O Globo, 23/05/2006, O País, p. 3

SÃO PAULO. O ouvidor de Polícia de São Paulo, Antonio Funari Filho, demonstrou preocupação quanto à demora da Polícia Civil para investigar os cinco casos em que há suspeita de ação de grupos de extermínio. Perguntado sobre uma fotografia na qual policiais aparecem com a camiseta da Escuderie Le Cocq, Funari disse que ficou assustado.

Há suspeita de ação de grupos de extermínio com a participação de policiais?

ANTONIO FUNARI FILHO: Sim. São cinco casos com 12 mortos neste período com grupos vestidos como ninjas. A nossa preocupação é com a possibilidade de ter policiais nisso. Tem de ser investigado.

Algum deles tinha passagem pela polícia?

FUNARI: Pelas informações que temos, nenhum.

De onde vêm as suspeitas da participação de policiais?

FUNARI: Ouvimos comentários. Não tenho qualquer prova concreta. Eles usam armas pesadas, segundo testemunhas, como calibre 12. É o tipo de comportamento de gente organizada. Mas também podem ser as facções criminosas.

Algum policial foi identificado?

FUNARI: Não. Tem de procurar quem atua na área.

Por que essas pessoas foram mortas, já que não têm passagens pela polícia?

FUNARI: Não tenho a mínima idéia. Isso é que é estranho. Pode também ser uma retaliação dos próprios criminosos. Às vezes tem uma pessoa com alguma dívida no meio de um grupo e eles matam todo mundo.

A polícia está investigando esses casos?

FUNARI: Independentemente de ter ou não a participação de policiais, estamos preocupados porque são crimes de autoria desconhecida. Nossa grande preocupação é que a polícia comece o quanto antes a investigar esses casos porque, sendo de autoria desconhecida, quanto mais tempo demorar mais difícil vai ser para encontrar os autores.

O senhor chegou a ver uma foto publicada pelo ¿Diário de S.Paulo¿ na qual policiais aparecem com camisetas da Escuderie Le Cocq?

FUNARI: Tive notícia e isso nos assustou muito.

Os policiais foram identificados?

FUNARI: Não. Soube dessa reunião mas ainda não vi a fotografia. Seria interessante.