Título: SENADO E CÂMARA TÊM SEGURANÇA REFORÇADA
Autor: Alan Gripp e Maria Lima
Fonte: O Globo, 23/05/2006, O País, p. 9

Abin teria interceptado conversas de criminosos da facção criminosa paulista sobre um possível atentado

BRASÍLIA. Em meio aos rumores de que a maior facção criminosa de São Paulo estaria planejando um atentado contra o Congresso, as diretorias da Câmara e do Senado anunciaram ontem medidas para aumentar a segurança de suas dependências. O Senado, que tem segurança mais vulnerável, anunciou que num prazo de três meses vai instalar 11 detectores de metais ¿ hoje apenas a Câmara dispõe do equipamento ¿ além de aparelhos de raio-x. Mesmo assim, o Senado continuará exposto, pois tem 64 entradas. A vigilância hoje se resume a um circuito de câmeras.

Na Câmara, a partir de hoje todas as pessoas que forem a audiências de CPIs passarão por detectores de metais. A medida já será aplicada hoje, na sessão da CPI do Tráfico de Armas. As equipes de TV interessadas em transmitir as reuniões terão que montar equipamentos até duas horas antes do início. As visitas de turistas nos fins de semana e feriados tiveram os roteiros alterados. A medida vale até a colocação dos pórticos de detectores de metal no Salão Negro.

Aldo não quer depoimento de Marcola na Câmara

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), disse que não vai permitir que Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe da facção, deponha à CPI do Tráfico de Armas na Casa. A CPI deve enviar deputados ao presídio onde ele está.

Os boatos começaram na sexta-feira passada, quando a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria interceptado conversas de criminosos sobre um possível atentado. A Abin não confirmou nem negou a informação e disse que não pode dar detalhes de suas atividades. Os rumores ganharam força depois que a assessoria de comunicação da Câmara confirmou que de sexta-feira a domingo a PF fez uma varredura nas dependências. Nada foi encontrado.

No fim de semana, as visitas ao Congresso foram mantidas e cerca de três mil turistas passaram por lá. As duas Casas recebem em dias movimentados mais de dez mil pessoas.

¿ O Senado é a Casa do povo, mas na atual conjuntura precisamos de proteção ¿ disse o diretor da Casa, Agaciel Maia.

Na Câmara, a preocupação é com a segurança da informação. A diretoria-geral estuda impedir que funcionários terceirizados participem de atividades ligadas às comissões especiais, especialmente as CPIs. Semana passada, um técnico de som terceirizado vendeu por R$200 a advogados da facção paulista CDs com a gravação do depoimento de dois delegados paulistas.