Título: IMPACTO NA DÍVIDA PÚBLICA
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 23/05/2006, Economia, p. 27

Turbulência deve reduzir ritmo de alongamento

SÃO PAULO. O secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, admitiu ontem que as turbulências recentes nos mercados internacionais podem levar a uma desaceleração no ritmo de alongamento na dívida pública federal brasileira. A fim de melhorar o perfil da dívida, o Tesouro vinha aproveitando a liquidez abundante no mundo para colocar papéis com prazos de vencimento mais longos, reduzindo sua exposição em títulos pós-fixados atrelados à taxa Selic (LFTs).

¿ Esse é um processo sereno e pensado, que terá a velocidade que for possível. Essa velocidade agora vai ser reduzida de forma adequada à situação do momento, mas a direção está mantida ¿ disse Kawall em almoço com correspondentes estrangeiros na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).

Ele reconheceu que o quadro atual reduz o apetite por risco, mas ressaltou que, diferentemente de crises anteriores, o problema não é o Brasil. Como conseqüência desse ajuste da liquidez global, Kawall deu a entender que o Tesouro poderá retomar a emissão das LFTs, que embutem menor risco para o investidor.

¿ Temos um espaço grande para emitir LFTs, de cerca de R$90 bilhões até o fim do ano ¿ disse.

Já o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, tentou minimizar o efeito da turbulência internacional no país. Em evento na Bovespa, ele afirmou que ¿a nossa economia é mais previsível e não somos mais influenciados por crises externas como essa¿. Já o diretor de Política Monetária do BC, Rodrigo Azevedo, assegurou que, com reservas de mais de US$60 bilhões e uma dívida pública com perfil mais favorável, o país hoje ¿está muito mais bem posicionado para enfrentar uma onda adversa¿. (Ronaldo D¿Ercole e Lino Rodrigues, especial para O GLOBO)