Título: PAÍSES DOADORES APROVAM NOVA AJUDA AO HAITI
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 24/05/2006, O Mundo, p. 35
Chanceler Celso Amorim afirma que burocracia de organismos internacionais de crédito dificulta assistência
BRASÍLIA. Reunidos ontem em Brasília, representantes de 16 países doadores, da Organização dos Estados Americanos (OEA) e de organismos multilaterais de crédito - como o Banco Mundial (Bird) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) - decidiram reforçar a ajuda financeira ao Haiti. O novo valor será estabelecido em julho, numa reunião em Porto Príncipe. Nos últimos dois anos, foram aprovados quase US$1 bilhão para o país.
Também ficou acertado que a força de paz da ONU, comandada pelo Brasil, permanecerá no Haiti o tempo que for necessário para garantir estabilidade, numa etapa denominada pelos participantes de "apaziguamento social". A reunião, no Itamaraty, foi a primeira desde a eleição, em 17 de fevereiro, do presidente René Préval, que tomou posse semana passada.
Anfitrião do encontro, o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu um novo formato de cooperação internacional com o Haiti, com foco no combate à pobreza. Ele condenou o excesso de burocracia exigida pelos organismos internacionais de crédito e disse que o país precisa se fortalecer, para que possa prestar serviços à população.
- Certas exigências burocráticas sacrificaram no passado as possibilidades de uma cooperação real - afirmou.
Falta de ajuda levariapaís de volta ao caos
Amorim reconheceu que há resistência interna ao envio de soldados brasileiros ao Haiti, mas considerou importante a participação do Brasil na missão. Para ele, o fato de haver "enormes carências sociais" no Brasil não impede que os brasileiros continuem ajudando os haitianos.
- É uma lição que aprendi com os próprios brasileiros de origem mais humilde: não é preciso ser rico para ser solidário - afirmou.
Os participantes da reunião advertiram que sem ajuda o caos poderá voltar a se instalar no país mais pobre das Américas.
- Se o presidente René Préval enfrentar apagões e salários atrasados, poderá ter dificuldades políticas que podem renovar as dificuldades do passado - disse Juan Gabriel Valdés, que está deixando a chefia da missão da ONU no Haiti.