Título: ASSESSOR DE DEPUTADO É INVESTIGADO POR VAZAR DOCUMENTOS DE ESTATAL
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 25/05/2006, O País, p. 15

Empresário revela à polícia parte do conteúdo de mala apreendida

BRASÍLIA. O depoimento do empresário Laércio Pedroso à Polícia Federal poderá complicar a situação de Amauri Martins Escudeiro, chefe de gabinete do deputado Luiz Carlos Haully (PSDB-PA). Pedroso revelou parte do conteúdo dos documentos que estavam numa mala apreendida em poder de Martins no aeroporto Afonso Pena, em Curitiba. Desde então, o assessor de Haully está sendo investigado por vazar para empresários documentos secretos de Itaipu Binacional.

- Os documentos que estavam na mala são uma bomba - afirmou o delegado Fernando Francischini.

Martins foi intimado para depor às 10 horas de sexta-feira, em Curitiba, base da Operação Castores. Para a polícia, as informações recolhidas até o momento são suficientes para incluir o assessor na lista de indiciados. A PF apreendeu a mala na manhã de terça-feira, quando ele se preparava para embarcar para Brasília. A mala fora passada a Martins por Pedroso em circunstâncias consideradas suspeitas pela polícia.

Cenas foram filmadas no aeroporto

Pedroso chegou no aeroporto, mandou plastificar a mala e deixou a bagagem no chão. Momentos depois, Martins se aproximou, pegou a mala e fez o check-in. As cenas foram filmadas pelo circuito interno de TV do aeroporto. Em Brasília, Martins disse que a mala conteria documentos que Pedroso iria apresentar à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara. Haully, chefe de Martins, até telefonou para o diretor da PF, Paulo Lacerda, pedindo a liberação dos documentos. Mas os encarregados da operação se opõem à devolução da mala.

- É mentira que os documentos seriam entregues à Comissão de Relações Exteriores - disse um delegado.

Terça-feira, a PF prendeu seis dos sete acusados de envolvimento com a organização. O grupo é suspeito de cobrar propina para negócios entre estatais do setor elétrico e empresas privadas. O grupo simulava consultorias para reduzir multas e apressar pagamentos superfaturados. Entre os presos está José Roberto Paquier, assessor do senador Valdir Raupp (PMDB-RO). (Jailton de Carvalho)