Título: COMBUSTÍVEIS IMPULSIONAM COMÉRCIO
Autor: Mariza Louven
Fonte: O Globo, 25/05/2006, Economia, p. 30

IBGE: receita do setor voltou a crescer, mas salários não acompanharam

Depois de dois anos em queda, as vendas do comércio do país totalizaram R$798,2 bilhões em 2004, uma expansão real (descontada a inflação) de 11,7% sobre 2003, bem acima do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de riquezas produzidas no país), de 4,9% no ano. O segmento confirmou sua característica de forte empregador, oferecendo 6,68 milhões de postos de trabalho, 9,1% mais que em 2003 - acima do crescimento da População Economicamente Ativa (PEA), de 4,5%. Mas o salário médio mensal ficou em R$240, alta real de apenas 3,3% no ano e recuo de 6,9% desde 1996, período em que a receita operacional líquida subiu 17,9%.

Os dados são da Pesquisa Anual do Comércio (PAC) divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 1988 e reestruturada em 1996. Em 2004, pela primeira vez, o faturamento do comércio com a venda de combustíveis foi maior do que com comida e outros itens encontrados nos hiper e supermercados, tradicionais líderes do varejo. A receita operacional líquida dos revendedores de combustíveis chegou a R$79,5 bilhões em 2004, crescimento real de 22,2%, enquanto a dos hiper e supermercados, ficou em R$78,9 bilhões, mais 7,5%.

- Uma das explicações é o aumento dos preços dos combustíveis, de 17,87% no ano - disse Juliana Paiva Vasconcelos, da Coordenação de Serviços e de Comércio do IBGE.

As vendas de combustíveis foram puxadas, ainda, pelo aumento da frota nacional de veículos, o que teve melhor desempenho entre os três segmentos pesquisados: 18,6% de crescimento, contra 7,9% do comércio atacadista e 14,2% do varejista. Mais crédito e inovações tecnológicas como o carro bicombustível, lançado em 2004, contribuíram.

O Rio, porém, perdeu duas posições no ranking nacional do comércio desde 1996, quando o estado ocupava a segunda posição, com 11,9% do total. A receita operacional líquida do setor no estado foi de R$76,1 bilhões em 2004, 8,6% do total, atrás de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

INCLUI QUADRO: COMO EVOLUIU O SETOR