Título: No Rio, Cabral larga na frente
Autor: Carter Anderson
Fonte: O Globo, 26/05/2006, O País, p. 3

Datafolha: candidato do PMDB lidera com quase o dobro das intenções de voto de Crivella

O senador Sérgio Cabral Filho (PMDB-RJ) lidera a disputa pelo governo do Estado do Rio com quase o dobro das intenções de voto de seu principal concorrente, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), segundo a pesquisa Datafolha/TV Globo divulgada ontem. Segundo o instituto, se as eleições fossem hoje o peemedebista ganharia com 35% e Crivella teria 18%. Em terceiro aparece a deputada federal Denise Frossard (PPS-RJ), com 10%, seguida pelo pré-candidato tucano, o deputado federal Eduardo Paes, com 4%.

Os pré-candidatos do PT, Vladimir Palmeira, do PSOL, Milton Temer, e do PFL, Eider Dantas, aparecem empatados com 2% cada. Já o pré-candidato do PDT, Carlos Lupi, surge com 1%, enquanto o pré-candidato do PL, Wanderley Martins, não pontua. Os votos nulo e em branco chegam a 13% e 12% dos entrevistados não sabem em quem votar.

Em outra simulação, na qual é excluído o nome de Crivella, Sérgio Cabral Filho venceria no primeiro turno com 43%. A soma de todos os seus adversários é de 25%. Denise aparece em segundo lugar, com 13% das intenções de voto, seguida por Eduardo Paes, com 5%. Nessa simulação, o índice de votos nulos e em branco sobe para 17%, enquanto 15% responderam que não sabem em quem votariam. Considerando-se apenas os votos válidos nessa simulação, Sérgio Cabral venceria com 63%.

O Datafolha ouviu 1.215 eleitores em 33 municípios do estado nos dias 23 e 24 passados. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Eleitores ainda estão indecisos

Na análise da pesquisa por segmentos do eleitorado, Sérgio Cabral tem melhor desempenho entre os homens, com 40% das intenções de voto (entre as mulheres, cai para 30%), e entre os mais velhos (mais de 61 anos), também com 40%. Já Crivella é mais forte no eleitorado feminino, no qual tem 21% das intenções de voto, contra 15% dos homens. Na divisão por faixa etária, Crivella tem seu melhor resultado no eleitorado mais jovem (16 a 24 anos), com 23%. Denise é mais forte no segmento com maior grau de instrução: entre os eleitores com nível superior, a deputada tem 24% das intenções de voto.

Na pesquisa espontânea, em que o entrevistado diz quem é seu candidato sem o auxílio de uma lista com nomes, o Datafolha constatou que quase dois terços do eleitorado fluminense (68%) diz não saber em quem vai votar nas próximas eleições.

Vaga de vice em negociação

Ao comentar os números da pesquisa, Sérgio Cabral disse que o resultado o anima, mas procurou ser cauteloso:

- É um resultado que nos estimula a continuar nosso trabalho, mas não tem jogo ganho de véspera. Eleição é o trabalho do dia-a-dia, da militância. É como a seleção brasileira: o favoritismo não quer dizer que já ganhou - afirmou o senador.

Candidato apoiado pela governadora Rosinha Garotinho, Sérgio Cabral disse que, na costura de alianças, está em conversas adiantadas com o deputado Francisco Dornelles (PP-RJ), que deseja disputar a única vaga ao Senado nestas eleições. O nome mais cogitado para a vaga de vice é o de Luiz Fernando de Souza, o Pezão (PMDB), ex-prefeito de Piraí e ex-secretário do governo Rosinha. Segundo o senador, a candidatura de Pezão vem sendo defendida por prefeitos do interior. No entanto, segundo Sérgio Cabral, a vaga de vice poderá ser oferecida a outro partido, dependendo do andamento das negociações.

A deputada Denise Frossard disse que seu índice de 10% é um bom começo, uma vez que sua candidatura ainda não foi lançada. Representantes do PPS, incluindo a deputada, têm-se reunido freqüentemente com dirigentes do PFL e do PV para costurar uma candidatura de oposição ao governo Rosinha. Hoje de manhã, o prefeito Cesar Maia será o anfitrião de mais um encontro, no Palácio da Cidade. Segundo a deputada, umas das regras fixadas pelos três partidos é a de que o nome que tiver mais viabilidade eleitoral será apoiado pelas demais siglas.

O PDT, que estava participando dos entendimentos, não enviou representantes na última reunião. Os pedetistas lançaram o nome do presidente nacional do partido, Carlos Lupi, para disputar a sucessão estadual.

- Nossa frente não é contra ninguém, mas contra esse modelo de fazer política no estado, que vai pelo clientelismo, fisiologismo e corrupção - disse Denise, antecipando qual será o eixo de seu discurso de campanha, caso seja escolhida candidata pela frente PFL-PPS-PV.

Procurado, o senador Marcello Crivella não retornou as ligações para comentar a pesquisa.

Bispo é o candidato mais rejeitado

Para crescer nas pesquisas, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) terá que superar um grande obstáculo: o seu índice de rejeição, o maior entre os nove nomes apresentados ao eleitorado pelo Datafolha para suceder à governadora Rosinha Garotinho. De acordo com a pesquisa, 26% dos entrevistados disseram que não votariam de jeito nenhum em Crivella, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus. Depois do senador, os mais rejeitados pelo eleitorado são Carlos Lupi (PDT) e Eduardo Paes (PSDB), empatados com 15%, seguidos por Eider Dantas (PFL), com 13%.

O senador Sérgio Cabral Filho (PMDB), que lidera a disputa até o momento, tem 12% de rejeição, empatado com Denise Frossard (PPS), Vladimir Palmeira (PT), Milton Temer (PSOL) e Wanderley Martins (PL). Uma parcela de 9% dos entrevistados rejeita todos os candidatos.

A pesquisa Datafolha/TV Globo também constatou que o índice de aprovação da governadora Rosinha Garotinho (PMDB) e do prefeito Cesar Maia (PFL) caiu desde 2003.

Segundo o instituto, 30% dos entrevistados ouvidos este mês disseram que Rosinha está fazendo um governo ótimo/bom. Em dezembro de 2003, após um ano de gestão, esse índice era de 42%. No mesmo período, o índice dos que avaliam seu governo como regular subiu de 30% para 34% e os que o consideram ruim/péssimo subiu de 26% para 34%. A nota média de Rosinha foi 5,2.

A nota média obtida pelo prefeito foi 5. Nesta pesquisa, sua gestão foi considerada ótima/boa por 31% dos entrevistados. Cesar, reeleito em 2004, obtivera um índice de 61% de ótimo/bom em dezembro de 2003, após três anos de seu mandato anterior. Hoje, 37% consideram sua gestão regular (eram 23% em dezembro de 2003), e 30% a classificam como ruim/péssima, contra 14% em 2003.