Título: Serra lidera com folga disputa em São Paulo, mas vantagem diminui
Autor: Ciça Guedes
Fonte: O Globo, 26/05/2006, O País, p. 4

Tucano ainda seria eleito no 1º turno apesar de rejeição ter crescido na capital

Na primeira pesquisa de intenção de voto para o governo de São Paulo após os ataques da facção criminosa no estado, o ex-prefeito de São Paulo José Serra (PSDB) continua liderando a disputa, mas sua vantagem sobre os adversários diminuiu, principalmente na capital, onde a rejeição ao tucano chegou a 23%, percentual idêntico ao do candidato petista, Aloizio Mercadante. O número de eleitores que pretende votar nulo ou em branco e o de indecisos também subiu. Serra seria eleito governador em qualquer dos cenários no primeiro turno. A pesquisa Datafolha/TV Globo, registrada no TRE com o número 723072, foi feita nos dias 23 e 24 de maio. Foram ouvidos 1.884 eleitores em 54 municípios paulistas.

No cenário que inclui a candidatura do ex-governador Orestes Quércia (PMDB), Serra caiu de 59% das intenções de voto no início de abril para 52%. Só com os votos válidos (sem os em branco, nulos e indecisos) Serra teria 64%. Mercadante passou de 14% para 15%. Na pesquisa anterior, ele empatou com Quércia, que caiu de 12% para 9%. O índice de votos em branco e nulos subiu de 8% para 11%, e o de indecisos, de 3% para 8%.

No cenário sem Quércia, Serra caiu de 63% para 56% e Mercadante foi de 16% para 17%. O número de indecisos subiu de 4% para 9%, e dos que pretendem anular o voto ou votar em branco foi de 10% para 12%.

Maior perda entre os que têm nível superior e mais ricos

Mas foi na capital, cujo comando deixou para Gilberto Kassab (PFL), que Serra perdeu mais votos: caiu de 56% em abril para 45% (11 pontos percentuais) no cenário em que aparece a candidatura do peemedebista. Mercadante subiu de 14% para 22% e Quércia manteve 9%. No interior, Serra caiu de 62% para 57%. O petista oscilou de 12% para 11% e Quércia, de 12% para 9%. Sem Quércia, Serra também cai 11 pontos na capital: de 59% para 48%. Mercadante sobe de 17% para 24%.

A maior perda do tucano e crescimento do petista se dá entre as pessoas com nível superior de escolaridade e as com renda familiar acima de dez salários-mínimos. No primeiro caso, Serra cai de 66% para 58% (com ou sem Quércia), e Mercadante vai de 19% para 22%. O petista vai de 20% para 25% quando Quércia sai da disputa.

Entre os mais ricos, Serra caiu de 65% para 59% e Mercadante foi de 16% para 26%. Sem Quércia, Serra cai de 70% para 60% e Mercadante cresce 13 pontos, de 5% para 28%.

Lembo e Kassab: só 10% de ótimo ou bom em SP

Pefelistas que herdaram governo e prefeitura do PSDB têm desempenho fraco segundo pesquisa

Se os pefelistas estão chateados com o fraco desempenho de Geraldo Alckmin na pré-campanha para a Presidência da República, o PSDB não deve estar nada feliz com a avaliação que paulistas e paulistanos fazem dos herdeiros políticos que os tucanos deixaram à frente do governo de São Paulo e da prefeitura da capital. De acordo com a pesquisa Datafolha/TV Globo, só 10% avaliam o governador Cláudio Lembo como ótimo ou bom, e 28% o consideram ruim ou péssimo. É exatamente o contrário do que o Datafolha obtivera no início de abril, logo após a posse de Lembo, quando 28% avaliavam que ele faria um governo ótimo ou bom e 10%, ruim ou péssimo.

Com Gilberto Kassab, também do PFL, sucessor de José Serra na Prefeitura de São Paulo, a situação é parecida: 26% dos paulistanos ouvidos em abril acreditavam que ele poderia fazer um governo ótimo ou bom, e 17% achavam que seria ruim ou péssimo. Agora, 29% acham Kassab um prefeito ruim ou péssimo, e só 10% dizem que ele está sendo ótimo ou bom.

A pesquisa foi feita nos dias 23 e 24 de maio, logo após os atentados em São Paulo que deixaram mais de cem mortos, e poucos dias depois de Lembo dar uma entrevista na qual responsabilizou a "burguesia branca e má" pelos acontecimentos, atribuindo a culpa à omissão histórica da elite em relação à miséria do país.

Lembo: reprovação maior entre os de nível superior

Coincidentemente ou não, a reprovação de Lembo chega a 40% entre os paulistas que têm escolaridade superior. Na capital do estado, seu desempenho é reprovado por 35% dos eleitores e, no interior, 24% dos eleitores o reprovam. Numa escala de zero a dez, ele teve média 4,2. A nota atribuída a Kassab é ainda menor: 3,9.

O desempenho de Lembo à frente do governo é considerado regular por 33% dos eleitores ouvidos, e 28% não souberam opinar.

A administração de Kassab é considerada regular por 35% dos entrevistados, e 26% não souberam opinar. (Ciça Guedes).

Serra: Lula tem culpa na crise

TAUBATÉ (SP). O pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, atribuiu ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva parte da culpa pela crise na segurança pública, durante visita a Taubaté (SP), no Vale do Paraíba.

- Os repasses do governo federal para o setor de segurança, como o fundo penitenciário, estão cada vez mais baixos. As armas e as drogas entram pelas fronteiras, que são fiscalizadas pelo governo federal. Além disso, com uma medida provisória o presidente Lula poderia obrigar as empresas a bloquear o sinal dos celulares em presídios - disse Serra, que ontem fez corpo-a-corpo com eleitores nas ruas de Taubaté.

Serra questionou a utilização feita pelo pré-candidato do PT ao governo paulista, senador Aloizio Mercadante, da crise da segurança.

- Na segurança, a responsabilidade é coletiva. - disse Serra.