Título: CANDIDATO E VICE DIVERGEM SOBRE ESTRATÉGIA
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 26/05/2006, O País, p. 8

José Jorge concorda com prefeito e quer mais concorrentes; Alckmin defende alianças

BRASÍLIA. A crise na aliança entre o PSDB e o PFL para a disputa presidencial chegou ao candidato Geraldo Alckmin e a seu vice, o senador José Jorge (PFL-PE), que divergiram ontem, publicamente, sobre a política de alianças que devem adotar para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A origem da discórdia foi, de novo, uma declaração do prefeito Cesar Maia (PFL) com críticas à estratégia do PSDB de tentar alianças com partidos como o PPS. Alckmin discordou, mas evitando polêmicas disse que o estresse de campanha logo passa e que sua candidatura, como o mandacaru, crescerá na adversidade.

Para Alckmin, uma aliança ampla, incluindo o PPS, fortaleceria sua candidatura já no primeiro turno. Mas José Jorge afirmou que quanto mais candidatos disputarem a eleição maiores são as chances de levar a decisão para o segundo turno.

- Penso diferente (do prefeito Cesar Maia). Quanto mais fortes estivermos e quanto maior for a nossa aliança, melhor. Este também é o pensamento do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC). Vai ter segundo turno de qualquer jeito - disse Alckmin, que se reuniu ontem, durante o almoço, com o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e o coordenador de sua campanha, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE).

O vice José Jorge só não concorda com candidatura própria do PMDB, pois ela prejudicaria, por força da regra da verticalização, alianças já consolidadas nos estados entre peemedebistas, pefelistas e tucanos.

- Se o PDT e o PPS tiverem candidato é melhor, porque facilita o segundo turno. Concordo com o Cesar Maia, acho melhor ter mais candidatos - afirmou José Jorge, que considera que a candidatura do deputado Roberto Freire (PPS-PE) é importante porque ele atacaria o presidente Lula na campanha.

Tasso também defendeu a incorporação do PPS na aliança, sob o argumento de que o partido daria um verniz de esquerda à candidatura Alckmin.

Apesar de mais um dia de troca de farpas, o candidato Alckmin tentou manter seu estilo e garantiu que a aliança com o PFL vai muito bem:

- Tudo isso é um estresse de campanha passageiro - disse o tucano.

Alckmin suspendeu parte do roteiro que faria ontem e hoje em Minas. É que ele vai se encontrar hoje pela manhã com o presidente da França, Jacques Chirac, que está em visita oficial ao Brasil. O candidato tucano tentou, sem sucesso, realizar esse encontro ontem, mas não foi possível porque não estava previsto na agenda de Chirac.