Título: TAXA DE DESEMPREGO, APÓS TRÊS MESES DE ALTA, FICA ESTÁVEL EM 10,4% EM ABRIL
Autor: Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 26/05/2006, Economia, p. 22

Rendimento médio do trabalhador sobe 0,4% e atinge R$1.012,50

Depois de três altas consecutivas, a taxa de desemprego do país se manteve estável em abril: foi de 10,4%, repetindo o índice de março. Trata-se da menor taxa da série para abril da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), iniciada em 2002 e divulgada ontem pelo IBGE. O salário médio dos trabalhadores atingiu R$1.012,50, numa alta de 0,4% frente ao mês anterior. E, com isso, observa-se o melhor rendimento desde abril de 2002. Economistas não descartam mais avanços nos ganhos dos trabalhadores e uma taxa de desocupação de apenas um dígito na próxima PME.

- Essa estabilidade é um resultado favorável, que traz melhora na qualidade do emprego. Houve alta de 5,2% no emprego com carteira assinada sobre abril de 2005. Já os empregos sem carteira recuaram 6,3%, na mesma base de comparação - disse Cimar Azeredo, coordenador da PME.

De acordo com a pesquisa, os empregados com carteira assinada representam 41,8% da População Ocupada - que reúne, numa alta de 1,4% sobre abril de 2005, 19,9 milhões de pessoas. Já os que trabalham sem carteira são 14,5% e encolheram 6,3% frente a abril do ano passado.

Na avaliação de Marcelo de Ávila, economista do Ipea, a pesquisa revela que o reaquecimento da economia ainda não corresponde à abertura de vagas. Para ele, é possível que a indústria ainda esteja em fase de ajuste de estoque.

- Diminuiu o contingente de pessoas que buscam emprego, assim como a ocupação. De janeiro a abril, houve corte de 377 mil vagas, um aumento de 105% sobre o mesmo período de 2005 - disse Ávila, que acredita que a taxa de desemprego deve cair nas duas próximas pesquisas.

Para Ávila, o rendimento - 4,7% superior ao de abril de 2005 - sofreu impacto do aumento do salário-mínimo. No Rio, porém, houve queda de 1% nos ganhos frente a março. Na comparação anual, há aumento de 2,4% no poder de compra.

- O trabalhador, após sofrer uma queda de 12,5% em 2003 no salário, tem agora uma recuperação real na renda.

Segundo a economista Giovanna Rocca, do Unibanco, a tendência é de melhora no nível de ocupação, em resposta ao reaquecimento da economia e a fatores macroeconômicos (inflação sob controle, taxa de juros em queda, câmbio favorável e aumento da demanda interna).

- Para mais avanços, seriam necessárias reformas nas leis trabalhistas e diminuição do custo do trabalhador para as empresas - afirma ela.