Título: EXPULSOS PELA VIOLÊNCIA
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 28/05/2006, O Mundo, p. 46

Na Colômbia, eles são chamados de dezplazados, ou deslocados, desalojados. Fogem da violência que a cada ano expulsa milhares de pessoas de suas casas e as faz perambularem de cidade em cidade, em busca de emprego e segurança.

Os refugiados internos são uma parte menos visível, mas nem por isso menos dramática, da guerra. Os números assustam. O próprio governo admite que, somando os não assistidos por programas sociais, os números chegariam a quase 2,5 milhões. A sociedade civil vai além e crava 3,7 milhões de pessoas. Uma situação que o diretor do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) nas Américas, Philippe Lavanchy, definiu como ¿a mais grave crise humanitária do mundo ocidental¿.

¿ Os grupos armados perseguem aqueles que não simpatizam ou que suspeitam simpatizarem com outro bando. Ameaçam ou simplesmente executam. Os povoados estão no meio do combate ¿ conta ao GLOBO Roberto Meier, representante do Acnur na Colômbia.

Os indígenas são os mais afetados. A professora Y., que morava numa aldeia no departamento de Putumayo, despertou suspeitas com a ida a outros povoados para lecionar. Há três anos foi trabalhar num hotel e foi surpreendida por uma bomba. Deixou tudo para trás. O marido foi morto numa das cidades por onde passou. Hoje vive num assentamento em Mocoa, com os três filhos e três parentes. Presidente da Associação de Desplazados 5 de Enero, luta para criar uma fábrica que gere empregos.

¿ Os programas do governo só dão ajuda nos três primeiros meses. Depois disso, ficamos desamparados.