Título: PROCURADOR DIZ QUE FACÇÃO AINDA É FORTE
Autor: Cristina Cristiano
Fonte: O Globo, 27/05/2006, O País, p. 4

Rodrigo Pinho afirma que MP vai estudar 146 boletins de ocorrência

SÃO PAULO. No mesmo dia em que recebeu cópias de boletins de ocorrências e laudos do IML sobre os mortos a tiros nos ataques em São Paulo, o procurador de Justiça Rodrigo Pinho afirmou ontem que a facção criminosa responsável pelos atentados continua atuando com força nas penitenciárias do estado. Pinho afirmou que a lista com nomes e as circunstâncias em que cada uma das vítimas morreu na onda de violência será divulgada pelo Ministério Público Estadual na semana que vem. Mas não escondeu que a organização criminosa não foi desarticulada com o fim das rebeliões, semana passada.

- Essa organização criminosa continua (atuando) com força e com certeza ela ainda não foi desarticulada - disse ele, com base no esquema dos chefes da quadrilha para ordenar e pôr fim simultaneamente a rebeliões em massa nas 73 penitenciárias do estado entre os dias 12 e 19 deste mês.

O Ministério Público Estadual tinha dado prazo até a meia-noite de anteontem para a Secretaria de Segurança Pública entregar todas as informações sobre as mortes ocorridas em confrontos com a polícia e também nas chacinas que aconteceram naquele período. Anteontem, por volta das 20h20m, a secretaria deixou na sede do MP apenas os laudos preliminares assinados por peritos do Instituto de Criminalística. Ontem, um dia depois do prazo, foram entregues cópias de boletins de ocorrência. Teriam sido entregues 146 BOs - 123 sobre disparos de arma de fogo.

Alegando não ter tido tempo para tomar conhecimento das informações contidas nos documentos, Rodrigo Pinho disse que na próxima semana começará a ser feito o trabalho de cruzamento de dados. O MP quer saber de que maneira morreram cada uma das vítimas e também se houve excesso no trabalho da polícia, que reagiu de maneira firme contra o crime organizado, que nos ataques matou 42 policiais. Ele também garantiu que não impedirá que membros do Ministério Público Federal, Defensoria Pública e Conselho Regional de Medicina acompanhem as investigações conduzidas pelo Ministério Público Estadual.