Título: LULINHA PAZ E AMOR X GERALDO PAZ, AMOR E TRABALHO
Autor: Cristiane Jungblut e Sueli Cotta
Fonte: O Globo, 27/05/2006, O País, p. 14

Presidente diz que voltará a adotar estilo da campanha de 2002 e Alckmin ironiza dizendo que país precisa de 'menos discurso'

BRASÍLIA E BELO HORIZONTE. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que adotará novamente o estilo "Lulinha paz e amor", que o levou à vitória nas eleições de 2002. Frisando que ainda não é candidato e que tem até 30 de junho para decidir, disse que não tem razão alguma para estar nervoso. E afirmou novamente que não se deixa influenciar por pesquisas.

- Da minha parte, vocês vão perceber que, se eu decidir ser candidato, vou ser o "Lulinha paz e amor" que fui na outra (eleição). Tranqüilo, sem nenhum problema. Não tenho nenhuma razão para estar nervoso, nenhuma - disse Lula, após participar da Conferência Nacional da Pessoa Idosa.

Anteontem, em encontro com o presidente da França, Jacques Chirac, Lula se referiu ao slogan ao falar de seu relacionamento com o presidente da Bolívia, Evo Morales. Anteontem à noite, também mostrou estilo mais ameno no programa nacional do PT veiculado na TV.

A participação de Lula na conferência, organizada pelo governo num hotel de Brasília, ganhou contornos eleitorais. O presidente foi cercado por idosos que, aos gritos, queriam abraçá-lo e tirar fotos. Uma senhora subiu no palco e cantou no microfone "Como é grande o meu amor por você", de Roberto Carlos, e teve o som cortado pelos organizadores.

Lula pediu que os idosos continuem fazendo reivindicações ao governo para que elas sejam atendidas antes do fim do ano.

- Para ser um bom governo, tem que ter a pressão da sociedade. Naquela minha sala não entra notícia boa, é só coisa ruim. Não tenham medo de reivindicar. Aproveitem e reivindiquem agora, porque, a partir de janeiro do ano que vem, pode ter outro governo. Vai ter eleição. E para que a gente possa consolidar as conquistas de vocês.

"Do ponto de vista ético está uma lambança"

Em Belo Horizonte, o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, ironizou a volta do slogan "Lulinha, paz e amor".

- Vou ser o "Geraldo paz, amor e trabalho", que é o que está faltando no Brasil. Nós precisamos de menos discurso e mais eficiência, gestão, trabalho e emprego. Do ponto de vista ético está uma lambança, do ponto de gestão o governo não funciona - disse Alckmin , que se reuniu com empresários na Federação das Indústrias de Minas Gerais.

Na sede da federação, Alckmin teve um rápido encontro com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), que o apresentou aos empresários e saiu em seguida para receber o vice-presidente José Alencar no Palácio das Mangabeiras.

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Promessa reciclada

Lula volta a dizer que acabará com filas

BRASÍLIA. Ao discursar ontem para idosos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou a promessa de acabar com as filas nos postos do INSS. Ele já prometeu isso ano passado e nem de longe conseguiu cumprir. Agora não deu prazo:

- Ninguém mais vai precisar sair de casa para marcar (a perícia) nem ir na fila tomar uma informação que pode obter por telefone - disse, referindo-se às centrais telefônicas de atendimento que o INSS pretende implantar no país.

Em novembro de 2005, em entrevista a emissoras de rádio, Lula prometeu acabar com as filas até abril deste ano. Foi contestado no ar pelo ministro da Previdência, Nelson Machado, que disse ser possível apenas melhorar as filas.

- As coisas vão acontecer porque eu também logo, logo estou na idade de ir para a fila do INSS. Então, é preciso cuidar agora - disse ontem Lula, que tem 60 anos.