Título: LULA BUSCA APOIO DE PEEMEDEBISTAS NOS ESTADOS
Autor: Isabel Braga
Fonte: O Globo, 29/05/2006, O País, p. 5

PT pode abrir mão de candidaturas no Paraná e na Paraíba, em acordos negociados por Berzoini e pelo presidente

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu aproveitar a indefinição do PMDB em relação à candidatura própria para tentar conquistar mais apoio à sua reeleição nos estados. Com o argumento de atrair oficialmente o PMDB para a vaga de vice, Lula e o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), estão procurando governadores e presidentes regionais do partido para selar alianças.

As conversas com o governador do Paraná, Roberto Requião, e da Paraíba, José Maranhão, já estão sendo costuradas por Berzoini, a pedido de Lula. A idéia é o PT abrir mão das candidaturas ao governo nesses estados e apoiar os peemedebistas. Lula investe agora no apoio do presidente do PMDB de São Paulo, Orestes Quércia, para garantir apoio à candidatura do senador petista Aloizio Mercadante ao governo do estado. Já sinalizou que quer conversar com Quércia e aguarda a resposta do ex-governador, que chegaria ontem à noite de uma viagem ao exterior.

¿ Eu ficaria muito feliz se o apoio formal a Lula fosse possível, mas infelizmente é muito difícil. O partido ficará livre e o presidente Lula terá apoios individuais nos estados ¿ afirmou o ex-ministro das Comunicações deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE). ¿ Muita coisa pode evoluir. Quércia já apoiou Lula na eleição passada. Torço para que isto aconteça de novo.

¿ Se a candidatura própria não existir, a chance de uma coligação com o PT vencer é zero ¿ acrescentou o vice-presidente do PMDB gaúcho, deputado Eliseu Padilha.

¿O momento é rico¿, diz peemedebista

Há estados, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Alagoas, em que as alianças com tucanos e pefelistas estão seladas. Em outros, as alianças entre o PT e PMDB já estão adiantadas: Pará, Amazonas, Roraima, Amapá e Piauí. Para Eunício, Lula está bem nas pesquisas e deverá ser reeleito, o que pesa em favor de apoios regionais.

¿ Muita gente dentro do partido deveria fazer esta reflexão: o momento é rico, não é um momento de oportunismo, mas de oportunidade ¿ disse Eunício.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que manterá até o fim sua pré-candidatura:

¿ Eu não largo a toalha, vou até o fim, porque defendo a candidatura própria. Só deixaria de concorrer se quisessem me tirar e colocar outro nome ou se não realizarem a convenção nacional.

Simon registrou oficialmente a chapa, que tem como candidato a vice-presidente o ex-governador Anthony Garotinho, na semana passada. Mas por decisão da executiva nacional do partido, a convenção nacional que decidirá se o PMDB terá ou não candidato à Presidência foi adiada de 11 para o dia 29 de junho. Na prática, isso inviabiliza a candidatura própria, porque vigora nestas eleições a regra da verticalização, que obriga os estados a seguirem as alianças feitas nacionalmente.

Como a lei estabelece o prazo de 10 a 30 de junho para a realização das convenções, as alianças regionais do PMDB com o PSDB-PFL e o PT serão formalizadas antes da convenção nacional, prejudicando a opção pela candidatura própria. Os favoráveis à candidatura própria estão buscando na Justiça a impugnação da data da convenção nacional no dia 29 e retomando como data o dia 11.

O próprio Simon, no entanto, confirmou que a convenção estadual do Rio Grande do Sul será realizada no dia 30 de junho. Isso permite que ele possa ter tempo de registrar sua candidatura ao Senado.