Título: TV DOS EUA PERDE DOIS NO IRAQUE
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Fonte: O Globo, 30/05/2006, O Mundo, p. 26

Equipe da CBS é atingida em cheio. Em dia violento, 50 morrem

BAGDÁ. Num dia extremamente violento no Iraque, pelo menos 50 pessoas morreram em ataques de insurgentes contra patrulhas de ocupação estrangeiras e atentados terroristas contras alvos civis em várias partes do país. Dois britânicos membros de uma equipe de jornalismo da rede de TV americana CBS estão entre as vítimas, aumentando para 71 o número de jornalistas e funcionários de apoio mortos na guerra do Iraque, já considerada um dos conflitos mais perigosos para a profissão desde a Segunda Guerra Mundial.

O ataque mais mortífero ocorreu perto de Khalis, 80 quilômetros ao norte de Bagdá, quando uma bomba na estrada explodiu ao passar um ônibus que transportava funcionários do grupo Mujahedins do Povo do Irã, de oposição ao regime iraniano. Treze pessoas morreram e 15 ficaram feridas.

Correspondente ficou gravemente ferida no ataque

Os dois britânicos membros da equipe de jornalismo da CBS morreram em Bagdá quando acompanhavam uma patrulha conjunta dos exércitos dos EUA e do Iraque pela cidade. Um soldado americano e um civil iraquiano também perderam a vida no ataque realizado com um carro-bomba por volta das 10h30m. Os mortos são o cinegrafista Paul Douglas, de 48 anos, e o técnico de som James Brolan, de 42. A correspondente da CBS em Bagdá, Kimberly Dozier, de 39 anos, que têm nacionalidades americana e britânica, ficou gravemente ferida e foi operada num hospital militar.

- Kimberly, Paul e James eram veteranos da cobertura de guerra que provaram sua bravura e dedicação a cada dia. Eles sempre se apresentavam como voluntários para missões perigosas e eram de valor inestimável em nossa tentativa de reportar as notícias ao público americano - disse Sean McManus, presidente da CBS News and Sports.

Seis soldados americanos também saíram feridos do ataque, um dos mais mortíferos na zona central da capital iraquiana nos últimos tempos. No sul do país, dois soldados britânicos morreram na explosão de uma bomba numa estrada perto de Basra. Os dois militares pertenciam ao regimento dos Dragões da Guarda. Com isso, aumenta para 113 o número de britânicos mortos no Iraque desde o início do conflito em março de 2003. A Grã-Bretanha mantém o segundo maior contingente estrangeiro no país, com sete mil militares baseados nas áreas xiitas do sul.

Em Bagdá, dois carros-bomba explodiram no bairro sunita de Adhamiya, um deles matando cinco civis perto da Mesquita de Abu Hanifa e o outro, 12 militares numa patrulha do Exército iraquiano. Mais cedo, uma bomba na estrada atingiu um microônibus num bairro xiita do norte da cidade, matando sete pessoas e ferindo nove. Outra bomba no sudeste da Bagdá fez mais duas vítimas num microônibus. Um carro-bomba no centro da cidade matou três policiais numa patrulha, enquanto mais três pereceram numa emboscada na zona oeste.

Bush diz que missão no Iraque deve ser concluída

Ontem, na celebração do Dia da Lembrança, em que os Estados Unidos homenageiam todos os seus mortos em guerras, o presidente George W. Bush disse no Cemitério Nacional de Arlington que a missão no Iraque deve ser concluída. Enfrentando o ponto mais baixo de popularidade em seus cinco anos e meio de governo - chegou a menos de 30% de aprovação - em grande parte pela crescente oposição da população americana à guerra no Iraque, Bush afirmou que a melhor forma de homenagear os militares que morreram naquele país e no Afeganistão é "valorizar o motivo de um sacrifício ter sido feito".

- Nós os honraremos completando a missão pela qual eles deram suas vidas - disse Bush a centenas de veteranos e seus parentes.

Em Arlington estão enterrados 270 militares mortos nos dois conflitos. Dezenas de manifestantes aproveitaram a visita do presidente para protestar contra a guerra, carregando cartazes com dizeres como "Tragam nossos soldados vivos para casa" e "Deus abençoe nossos soldados". Antes de deixar a cerimônia, Bush sancionou a lei aprovada pelo Congresso que limita protestos em funerais militares.