Título: INDONÉSIA: VULCÃO AMEAÇA VÍTIMAS DE TERREMOTO
Autor:
Fonte: O Globo, 30/05/2006, O Mundo, p. 28

Fortes chuvas dificultam resgate de sobreviventes e chegada de ajuda. Há risco de erupção do Monte Merapi

YOGYAKARTA, Indonésia. YOGYAKARTA, Indonésia. A ajuda internacional começou a chegar, ainda lentamente, à região do terremoto que atingiu a Ilha de Java no sábado, mas segundo a ONU, o resgate de sobreviventes é uma corrida contra o tempo. As fortes chuvas e as estradas danificadas tornam ainda mais difícil a assistência às vítimas. E à tensão nos trabalhos somou-se o aumento da atividade do vulcão Monte Merapi, que triplicou desde sábado. Segundo especialistas, existe o risco de uma erupção.

Subiu ontem para 5.427 o número de mortos. Mais 20 mil pessoas ficaram feridas e 200 mil estão desabrigadas devido ao tremor de 6,3 graus na escala Richter. O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Jan Egeland, definiu os trabalhos de ajuda às vítimas como "uma tarefa enorme".

Há um mês o vulcão do Monte Merapi, uma montanha de três mil metros de altura, tem estado perto de entrar em erupção, mas as atividades tinham se tornado mais fracas nas últimas semanas. Vulcanólogos em Yogyakarta, no entanto, disseram que o forte tremor desestabilizou o frágil domo no pico da montanha. Um colapso do domo poderia deflagrar uma grande erupção.

Subandriyo, do Centro de Vulcanologia de Yogyakarta, disse que desde o tremor o vulcão tem tido cerca de 150 emanações de gases diárias, em comparação à média anterior de 50. O Merapi já entrou em erupção várias vezes nos últimos 200 anos, em muitas delas causando mortes.

- Moradores de áreas de risco começaram a partir. O perigo está aumentando - disse Subandriyo.

Presidente pede que ajuda seja mais rápida

Cerca de 35 mil casas e prédios em Yogyakarta e a seu redor foram arrasados. As fortes chuvas forçaram alguns moradores a retornarem a casas danificadas, apesar do risco de desabamento. Outros iam passar a terceira noite em pátios de hospitais ou abrigos.

O aeroporto de Yogyakarta foi reaberto ontem, facilitando a chegada da ajuda. A organização Médicos sem Fronteiras está enviando equipes e concentra seus esforços em Yogyakarta, Bantul e Klaten, as áreas mais afetadas.

A Cruz Vermelha prometeu dez mil tendas. O Unicef já está distribuindo 40 mil litros de água potável por dia e o Programa Mundial de Comida, 30 toneladas de ração - o suficiente para 20 mil pessoas por uma semana. A ONU desbloqueou um fundo de US$100 mil e nos próximos dias enviará leitos para hospitais de campanha, tendas, medicamentos e geradores - os itens mais urgentes, segundo Egeland. Mas os desabrigados reclamam que a ajuda é lenta.

- É difícil conseguir comida - disse um homem com seu filho de 1 ano, em Bantul.

O presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, visitou o local ontem e pediu que a ajuda do governo seja mais rápida.

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