Título: SETOR TÊXTIL SE QUEIXA DA CONCORRÊNCIA CHINESA
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 31/05/2006, Economia, p. 24

Governo vai criar grupo interministerial

BRASÍLIA. Empresários da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) reclamaram ontem, em reunião no Palácio do Planalto, das dificuldades do setor com a concorrência dos produtos chineses. Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que criará um grupo interministerial para estudar a situação do setor, mas que o governo não fará milagres.

Segundo o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, Lula mostrou boa vontade. Também participou do encontro o presidente da Abit, Josué Gomes da Silva, que é filho do vice-presidente, José Alencar.

A câmara interministerial para analisar a cadeia têxtil deve se reunir nos próximos dias e será formada pelos ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento e das Relações Exteriores.

- O presidente foi muito atencioso. Disse que não se pode esperar milagres, mas que aquilo que for factível e possível ele pretende buscar - disse Skaf. - Foi colocada a questão da China, não só pelas práticas desleais como pelas ilegais.

Segundo a Abit, os empresários pediram ainda ao governo ações para combater a concorrência dos produtos chineses, a desoneração da folha de pagamentos e a redução da incidência do PIS e da Cofins. Além disso, a Abit defende acordos comerciais bilaterais com os Estados Unidos e a União Européia.

No encontro com Lula, um empresário de Pernambuco mostrou uma reportagem sobre a demissão de 15 mil pessoas no setor este ano. Já o presidente do Sindicato das Tecelagens de Americana e Região, Fábio Beretta Rossi, disse que as exportações caíram 30% desde 2005, com demissão de cinco mil dos 35 mil trabalhadores da área. Ele defendeu o fim da negociação com a China no setor têxtil, com a imposição de cotas. (Cristiane Jungblut)