Título: AMORIM VÊ BOA VONTADE E MINIMIZA ACUSAÇÃO
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Fonte: O Globo, 31/05/2006, Economia, p. 26

Silas Rondeau está otimista com discussões

BRASÍLIA e BUENOS AIRES. A decisão do presidente da Bolívia, Evo Morales, na última segunda-feira, de retirar as forças militares das instalações petrolíferas no país foi considerada a primeira concessão ao Brasil desde a nacionalização das reservas de gás e petróleo, no dia 1º deste mês, afirmou ontem o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Ele minimizou as declarações do presidente da estatal boliviana YPFB, Jorge Alvorado, que acusou a Petrobras de sabotagem, devido à redução das vendas de diesel pela empresa brasileira.

- A retirada das tropas do Exército boliviano é resultado da conversa que tive com o presidente Morales, há cerca de uma semana - revelou Amorim.

Ele esteve em La Paz para pedir a Morales tratamento justo aos brasileiros que ocupam terras irregularmente na Bolívia e se queixou da presença de militares nas refinarias da Petrobras. Sobre as declarações de Alvarado, Amorim disse não ter informações a respeito. Mas avisou que não responderia a pessoas hierarquicamente abaixo de ministros de Estado e do presidente boliviano.

Em visita a Buenos Aires, o Ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, disse ontem que as negociações com a Bolívia "estão andando bem" e defendeu a busca da auto-suficiência energética no Brasil. Depois de se reunir com o ministro do Planejamento argentino, Julio de Vido, Rondeau se disse otimista em relação às conversas com Morales:

- Apostamos de forma muito otimista no resultado dessas reuniões técnicas entre diretores da YPFB e da Petrobras.

Com relação às declarações do ministro dos Hidrocarbonetos boliviano, Andrés Soliz, de que seria absurda a aspiração do Brasil de conquistar a auto-suficiência energética, Rondeau foi cauteloso.

- Feliz é o país que pode ter independência. Muitos países do Primeiro Mundo não o conseguem. (Eliane Oliveira e Janaína Figueiredo, correspondente)