Título: DEPOIS DA QUEDA DO MINISTÉRIO, JUCÁ VIRA LÍDER DO GOVERNO
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 01/06/2006, O País, p. 3

Peemedebista deixou pasta da Previdência em 2005 acusado de irregularidades em Roraima

BRASÍLIA. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) é um exemplo de como sobreviver na política. No ano passado ele teve que deixar o Ministério da Previdência por causa de denúncias de irregularidades ocorridas quando ele era governador de Roraima. Ontem foi nomeado pelo presidente Lula para o cargo de líder do governo no Senado. Sobre Romero Jucá pode-se dizer também que é um homem de governo: no segundo mandato do tucano Fernando Henrique, ele foi líder do governo no Senado.

- Vou ser líder de novo - dizia Jucá ao sair do gabinete do presidente, explicando como seria possível compatibilizar a defesa do governo Lula no Senado com sua candidatura ao governo de Roraima.

Já o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) entregou o cargo de líder justamente por causa da sua campanha para o governo de São Paulo. O petista disse que continuará no exercício do mandato e indo a Brasília participar das sessões de votações, mas que não teria mais tempo para se dedicar às funções de articulador dos interesses do governo no Senado.

- A campanha eleitoral para o governo paulista é incompatível com o trabalho e as responsabilidades de um líder de governo.

No cargo de ministro da Previdência, em 2005, Jucá foi bombardeado com denúncias de que teria feito pressões políticas sobre o Banco da Amazônia (Basa) para obter condições favoráveis à renegociação de dívidas da Frangonorte, empresa de Roraima da qual foi sócio, e também para liberar parcelas de um empréstimo. Jucá admitiu, na ocasião, que foi pessoalmente ao Basa em 1995 e um ano depois, mas que isso não era fazer pressão.

O ministro foi acusado ainda de ter apresentado como garantia ao empréstimo do Basa sete fazendas que só existiriam no papel. Jucá sustentou que o responsável pela transação foi seu ex-sócio no empreendimento, mas o desgaste político provocado pelas críticas e cobranças da oposição acabaram provocando sua saída do ministério.

Eleito senador pelo PSDB em 2002, Jucá filiou-se ao PMDB em maio de 2003, um dia antes de o partido anunciar seu apoio ao governo Lula. Na ocasião, o próprio Jucá lembrou que foi um dos líderes do governo Fernando Henrique no Senado e que estava entrando no PMDB para apoiar as reformas da Previdência e tributária que Lula proporia ao Congresso. Diante da críticas à sua decisão de deixar a oposição, Jucá afirmou à época:

- Não renego qualquer ação do governo anterior, que avançou. O governo Lula, se tiver competência, vai avançar ainda mais. Está aprendendo a governar. O presidente vai bem, seu governo não. Precisa ser mais operacional. É hora de ir para o ataque. Eu me sinto em condições de ajudar.

Após deixar o gabinete de Lula, Jucá defendeu que o PMDB não tenha candidato próprio à Presidência e reconheceu que o partido não irá participar de uma aliança formal nas eleições presidenciais para dar liberdade às coligações nos estados. Jucá disse que Lula pediu, entre outras coisas que ele dê atenção à Lei da Pequena e Microempresa.