Título: PARA LULA, JULHO É ÚLTIMA CHANCE DA OMC
Autor: Diogo de Hollanda
Fonte: O Globo, 01/06/2006, Economia, p. 26

Presidente aposta em reunião do G-8, mas UE ainda pede abertura em serviços

BRASÍLIA. Ao lado do presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um alerta: a reunião do G-8 (grupo formado pelos sete países mais ricos do mundo, mais a Rússia), marcada para julho na cidade russa de São Petersburgo, será a última chance para que os líderes mundiais dêem, finalmente, um impulso político às negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC). A resposta de Barroso foi pragmática e mostrou o grau de irredutibilidade dos europeus. Segundo ele, os países em desenvolvimento, como o Brasil, precisam abrir mais seus mercados nas áreas de serviços e produtos industrializados.

- A reunião do G-8 é possivelmente a última chance de acordarmos as linhas gerais de um pacote ambicioso e equilibrado - afirmou Lula.

Barroso, por sua vez, mostrou que os europeus continuam inflexíveis na discussão da Rodada de Doha. Deixou claro que a Europa só reduzirá seus subsídios agrícolas e abrirá seus mercados para as exportações de países voltados à agricultura se receber uma oferta mais vantajosa. Ele praticamente repetiu o recado dado, há uma semana, pelo presidente da França, Jacques Chirac.

- Estou de acordo com o presidente Lula quando diz que os mais ricos devem fazer um esforço maior do que aqueles que têm menos. Todos têm de fazer algum esforço no sentido do compromisso. Na área agrícola, com certeza, mas também nas áreas dos produtos não-agrícolas, de serviços e outras. Se houver este esforço final de compromisso, podemos ter boas notícias - disse Barroso.

Lula reafirmou sua previsão de que um acordo na área agrícola poderá ser fechado até o fim deste ano. Para o presidente brasileiro, além do acesso aos mercados, é fundamental a eliminação das distorções causadas pelos subsídios. Ele acrescentou que a Rodada de Doha constitui uma oportunidade ímpar para transformar o comércio internacional em um instrumento eficaz para o desenvolvimento.

As divergências entre Lula e Barroso se limitaram às declarações feitas à imprensa, depois do encontro reservado no Palácio do Planalto. O documento final distribuído em seguida esbanjava sintonia entre os dois. Um dos destaques foi o anúncio de que será reforçado o diálogo bilateral em relação às fontes renováveis de energia, principalmente etanol e biodiesel. O assunto volta a ser discutido em outubro, no Panamá, no Seminário América Latina-União Européia sobre Energia Renovável.

TV DIGITAL CAUSA EMBARAÇO EM ENCONTRO BRASIL-UE, na página 29