Título: PT E ALIADOS DISCUTEM NOVO PROGRAMA
Autor: Maria Lima/Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 02/06/2006, O País, p. 8

Sem aliança formal, partidos elaboram propostas para um novo governo

BRASÍLIA. Aliados tradicionais do PT e do presidente Lula, o PSB e o PCdoB estão ganhando tempo para tentar resolver seus problemas regionais antes de formalizar a aliança para a reeleição. Ontem, os presidentes do PT, Ricardo Berzoini, do PSB, Eduardo Campos, e do PCdoB, Renato Rabelo, tiveram mais uma rodada de conversas. Mesmo sem a formalização do apoio, os três partidos já trabalham na elaboração de um documento que serviria como base para o programa de nos próximos quatro anos.

Sem entrar em detalhes mais polêmicos, o discurso dos três presidentes é idêntico: o governo Lula criou condições para um crescimento e desenvolvimento econômico do Brasil mais arrojado nos próximos quatro anos, sem perder de vista a responsabilidade fiscal.

- Não vamos colocar no documento propostas eleitoreiras. Adotaremos uma postura madura - afirmou Campos.

"Não existe posição de força de cima para baixo"

No campo das alianças estaduais, os problemas continuam. Depois do episódio da prefeita petista de Fortaleza, Luizianne Lins, que resistiu à determinação do diretório nacional do PT, concorreu e venceu a eleição em 2004, o PT está mais cauteloso. Ontem, Berzoini disse que as conversas com os aliados e os diretórios regionais estão sendo feitas, mas que nenhuma atitude de força será adotada:

- Num país com 27 estados, temos que reconhecer que os quadros estaduais são importantes. Não existe posição de força de cima para baixo.

Nos bastidores, os aliados do PSB e do PCdoB dizem que o PT não pensa como Lula, que defende a união dos partidos em torno das candidaturas mais fortes nos estados. Mesmo com chances reduzidas, os candidatos do PT insistem em concorrer. É o caso de Pernambuco, onde Eduardo Campos está em segundo lugar nas pesquisas, mas o PT e PCdoB insistem em manter a candidatura do ex-ministro da Saúde, Humberto Costa.

No PCdoB, o problema é no Distrito Federal. O partido defende a candidatura do ex-ministro Agnelo Queiroz ao governo e o PT lançou Arlete Sampaio.