Título: Freire desiste e PPS decide apoiar Alckmin
Autor: Maria Lima/Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 02/06/2006, O País, p. 8

Mas PSDB do Rio se recusa a retirar candidatura de Eduardo Paes em favor de Frossard para garantir acordo nacional

BRASÍLIA. A executiva do PPS decidiu ontem que o partido vai apoiar a candidatura do tucano Geraldo Alckmin à Presidência da República. Reunidos por mais de três horas, os dirigentes do partido desistiram de lançar a candidatura do deputado Roberto Freire (PPS-PE) a presidente ou de fazer uma aliança com o senador Cristovam Buarque (DF), candidato do PDT ao Planalto. Esse acordo, acertado anteontem entre Freire e Alckmin, é o primeiro passo para tornar possível o apoio de tucanos e pefelistas a candidatos do PPS aos governos de Rio, Mato Grosso e Paraná.

No Rio, porém, o candidato tucano ao governo, Eduardo Paes, reafirmou ontem que não há hipótese de desistir de sua candidatura para apoiar a candidata do PPS, a deputada Denise Frossard. O PPS quer reeleger Blairo Maggi em Mato Grosso e lançar a candidatura de Rubens Bueno no Paraná. Com o apoio a Alckmin, provavelmente em aliança formal, o PPS vai cobrar dos tucanos a retirada da candidatura de Paes.

- Estamos retirando um candidato a presidente e o PSDB precisa dar uma contrapartida nos estados. Esperamos a retirada da candidatura de Eduardo Paes no Rio - disse o deputado Raul Jungmann (PPS-PE).

- No Rio há muito espaço para o entendimento. Estamos conversando - disse Alckmin.

- Tomara que o Alckmin tenha mais um palanque aqui, com a Denise. Retirar minha candidatura? Não tem essa hipótese - descartou Paes.

Complicadores no Estado do Rio

O presidente do diretório do PSDB no Rio, Luiz Paulo Corrêa da Rocha, também descartou desistir da candidatura própria, com a alegação de que Paes está muito bem, pois em apenas 30 dias de campanha chegou a 4% das intenções de voto, segundo a mais recente pesquisa Datafolha/TV Globo - em que Denise aparece com 10%.

- Não vai atrapalhar nada, só ajudar. Tudo o que o Alckmin precisa é de um candidato a governador como o Eduardo Paes no Rio. É uma candidatura vitoriosa, por isso incomoda a tanta gente - disse Luiz Paulo.

O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), que defende, junto com o prefeito Cesar Maia, uma ampla aliança em torno de Denise, voltou a conversar com o coordenador nacional da campanha de Alckmin, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), sobre o impasse no Rio. Disse-lhe que o PFL não pedirá a retirada de Paes, mas que ele não tem chances de ir para o segundo turno.

Rodrigo disse a Sérgio Guerra que Denise e o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) são os que têm mais chances de ir para o segundo turno. Caso Paes se decida a conversar, será possível negociar para ele a vaga ao Senado ou a de vice de Denise.

- Alckmin é quem tem que avaliar se dois palanques ajudam ou atrapalham. O da Denise, que chegará rapidamente a 20% e vai ao segundo turno, dará todo o suporte a ele no estado. Uma decisão rápida nos colocará na mesa negociando uma posição para o PSDB. Mas se deixar para muito perto da convenção, ficará difícil tirar um candidato já colocado - disse Rodrigo.

O tipo de apoio que o PPS dará a Alckmin só será decidido na convenção de 16 de junho. A velha guarda do partido, formada por Freire e Givaldo Siqueira, defende uma coligação formal com o PSDB e o PFL. Mas a maior parte da bancada de deputados federais, segundo o líder Fernando Coruja (PPS-SC), quer uma coligação branca para que haja liberdade nos estados de alianças com o PSDB ou o PT.