Título: EMPRESÁRIOS DÃO VITÓRIA A LULA E VOTO A ALCKMIN
Autor: Ciça Guedes
Fonte: O Globo, 02/06/2006, O País, p. 9

Reeleição é certa para 51%

SÃO PAULO. Embora tenham manifestado preferência pelo candidato Geraldo Alckmin, do PSDB, à Presidência, um significativo grupo de empresários reconheceu ontem pela primeira vez que o presidente Lula deve ser reeleito. Antes do debate-almoço com o ministro Tarso Genro, das Relações Institucionais, 240 empresários do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), de São Paulo, participaram de uma pesquisa cujo resultado mostrou 51% para Lula contra 47% para Alckmin na pergunta sobre quem seria eleito. No entanto, na pergunta sobre em quem votariam, Alckmin ficou com 93% e Lula, com 5%.

Depois do debate com os empresários, cujas empresas têm faturamento igual ou superior a US$80 milhões anuais, Tarso disse ser natural o resultado diante de um "foro de empresários com uma determinada cultura política e visão ideológica".

- Isso faz parte do contencioso democrático. Se você vai a um ambiente da pequena agricultura, da agricultura familiar, dá 98% para o presidente Lula. A sociedade se divide segundo alternativas que tenham a perspectiva ideológica e política, que faz parte da democracia - disse Tarso.

Enquanto respondia às perguntas dos empresários, o ministro comentou, em tom bem-humorado, que era a primeira reunião que participava em que as perguntas eram aplaudidas e não as respostas, já que o tom de questionamento dos empresários era polêmico, com assuntos como ética, mensalão, fragilidade das instituições governamentais e até mesmo questões pessoais, como a expulsão de sua filha, deputada Luciana Genro (RS), do PT, que agora está no PSOL.

- O fato de terem aplaudido as perguntas só demonstra que aqui tem uma maioria determinada em relação a um partido político, uma visão de governo. Mas isso não tira o brilho e o alto nível das perguntas - comentou Tarso ao sair, lembrando que nunca viu no Brasil uma base empresarial satisfeita com o governo.

O ministro disse ainda que os resultados favoráveis ao presidente nas últimas pesquisas de intenção de voto "não querem dizer nada". Ele lembrou, que na eleição que perdeu no Rio Grande do Sul, em 2002, o governador Germano Rigotto, que foi eleito, começou com apenas 3% nas pesquisas.