Título: QUÉRCIA DIZ QUE PMDB NÃO DEVE TER CANDIDATO NEM ALIANÇA FORMAL COM PT
Autor: Ciça Guedes
Fonte: O Globo, 02/06/2006, O País, p. 9

Itamar Franco critica conversas do ex-governador com presidente Lula

SÃO PAULO e BELO HORIZONTE. O ex-governador de São Paulo Orestes Quércia disse ontem que é "muito difícil" o PMDB ter candidato próprio a presidente da República. Ele considera também pouco provável a aliança formal com o PT, compondo a chapa como vice como propôs o presidente Luiz Inácio da Silva feita a ele anteontem, já que essa decisão traria muitos problemas nos estados.

Quércia, que é o presidente do PMDB paulista, disse que se o partido tiver que optar entre o apoio ao presidente Lula e ao candidato Geraldo Alckmin, do PSDB, deve ficar com o candidato do PT, que está oferecendo a vice-presidência. Ele negou que tenha dito que Lula o convidou para ser o vice, mas confirmou o convite para que, além de compor a chapa ao lado do presidente, os peemedebistas tenham "presença substancial" num "governo de coalizão".

As conversas do PMDB com o PT, de acordo com o ex-governador de São Paulo, devem ser conduzidas pelo presidente do partido, deputado Michel Temer (SP).

Quércia preferiu não comentar a preferência que Lula teria manifestado pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim para ser o vice pelo PMDB:

- Aqui em São Paulo nós ainda vamos definir se eu vou ou não vou ser candidato a governador. Se for candidato, não apóio nem Lula nem Alckmin. Vou dizer aos meus eleitores que eles têm liberdade para escolher quem quiser.

Para o ex-presidente Itamar Franco, as conversas que o presidente Lula vem mantendo com setores do PMDB, como a que aconteceu anteontem com Quércia, são no mínimo estranhas e só confundem o eleitor.

"Vejo essa conversa como uma jogada para A ou B"

Itamar entende que enquanto o presidente Lula não se decidir publicamente pela sua reeleição, apesar de todos saberem que ele vai concorrer, não será possível discutir quem será o vice. Itamar insinuou que a conversa com o ministro das Relações Institucionais,Tarso Genro, não aconteceu porque uma pessoa no PMDB barrou seu nome.

- Eu acho estranho você investir em um partido que ainda não definiu o candidato. É claro que nós sabemos que o presidente Lula é candidato à reeleição, mas ele ainda não falou oficialmente que é, então o PMDB vai indicar o vice de quem? Vejo essa conversa como uma jogada para interessar a A ou B e que não tem validade - disse Itamar.

O ex-presidente, que desistiu da sua pré-candidatura à Presidência da República para disputar a vaga ao Senado, reclama também da data marcada para a convenção do PMDB, dia 29 de junho, um dia antes do prazo final previsto pela lei eleitoral. O esvaziamento da convenção, segundo ele, é uma estratégia equivocada que não interessa nem à ala governista.