Título: DÓLAR RECUA 3% E FECHA EM R$ 2,253
Autor: Diogo de Hollanda
Fonte: O Globo, 02/06/2006, Economia, p. 26

Mercado reage bem a dados da economia americana. Bolsa sobe 3,33%

O mercado financeiro teve um dia de recuperação ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 3,33%, a 37.748 pontos. O dólar comercial caiu 3% e encerrou a R$2,253. O dia positivo foi uma reação a dados dos Estados Unidos divulgados ontem, que podem indicar que os juros americanos não subirão mais fortemente. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 0,82% e o Nasdaq, 1,88%.

Um relatório do governo informou que a produtividade dos trabalhadores aumentou 3,7% no primeiro trimestre, acima do número preliminar (3,2%), porém abaixo da expectativa do mercado, de 3,9%. O aumento da produtividade é tido como um dos fatores que podem atenuar as pressões inflacionárias, pois indica a capacidade de as empresas absorverem aumentos de custos.

Além disso, os pedidos de auxílio-desemprego superaram as previsões e a média das solicitações em quatro semanas registrou o nível mais alto desde outubro de 2005. Isso mostra desaquecimento da economia e também pode aliviar temores de inflação. Desde o dia 10 de maio, os mercados de todo o mundo vêm passando por momentos de turbulência devido ao temor de uma alta mais significativa de juros nos EUA para segurar a alta do custo de vida. Isso porque investidores tendem a retirar aplicações em mercados emergentes, como o Brasil, considerados mais arriscados, porém mais rentáveis, para comprar títulos do governo americano, tidos como de risco zero.

Os títulos brasileiros também se recuperaram no mercado internacional. O Global 40, o mais negociado, subiu 0,66% e encerrou o dia negociado a 123% do valor de face. O risco-Brasil - que corresponde à diferença entre os juros pagos pelos títulos do país e os dos Estados Unidos - recuou 5,76%, aos 262 pontos centesimais.

Mercado de câmbio tem maior volume de negociação

O mercado, no entanto, ainda trabalhou cauteloso, à espera da divulgação, hoje, dos dados de criação de empregos nos EUA em maio. Os analistas esperam que o relatório dê uma idéia mais clara sobre a força da economia americana e sobre possíveis novas altas de juros.

Em maio, o Ibovespa acumulou queda de 9,49%, seu pior desempenho mensal desde abril de 2004. Já o dólar subiu 11,25%, a maior alta em um mês desde setembro de 2002. Segundo o analista Gustavo Barbeito, da corretora Prosper, assim como caiu mais do que a média das bolsas internacionais, a Bovespa tende a registrar valorizações mais intensas.

- O Brasil, pela liquidez e pelo próprio perfil de risco, tem essa característica de registrar variações elevadas - afirmou Barbeito.

Ao contrário das últimas terça e quarta-feiras, quando voltou a fazer leilões de swap cambial (que equivalem a uma venda de dólares no mercado futuro) para segurar a alta do dólar, o Banco Central não interveio no mercado de câmbio ontem. De acordo com o gerente da corretora Novação, José Roberto Carreira, o volume de negócios interbancários atingiu R$2,4 bilhões, bem acima de quarta-feira, de R$1,4 bilhões.

- Os negócios se concentraram na parte da manhã, após a divulgação dos dados americanos - disse.

(*) Com agências internacionais