Título: PROCURA MAIOR POR INSUMOS DE FORA
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 02/06/2006, Economia, p. 27

Empresários substituem matérias-primas nacionais para aproveitar câmbio

BRASÍLIA. A valorização do real está levando as empresas brasileiras a substituírem cada vez mais insumos e matérias-primas domésticos pelos importados, segundo pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que entrevistou 1.264 empresários de pequeno e médio portes e 215 grandes industriais. Do total, nada menos do que 28% das empresas que já utilizam os produtos importados pretendem ampliar os gastos no exterior em 2006 e 10% das que não utilizavam esse recurso já pensam em recorrer às importações.

Essa tendência é mais forte entre as grandes empresas. A pesquisa mostra que 13,3% delas pretendem substituir os nacionais, ainda que parcialmente. O percentual entre as pequenas e médias é de 10,2%.

"Os resultados sinalizam uma intensificação gradual do uso de insumos e matérias-primas importados na indústria. O crescimento das importações continua mais ligado à atividade econômica, mas a valorização do real apresenta-se cada vez mais como fator de estímulo", diz o documento.

Entre os 26 diferentes setores pesquisados pela CNI, 16 deles pretendem aumentar as compras de matérias-primas importadas nos próximos seis meses.

Setor de máquinas pretende elevar importações em 2007

São exemplos de segmentos que se preparam para importar os de máquinas e materiais elétricos, farmacêutico, de produtos de metal e material eletrônico e de comunicação.

Os setores que registraram o maior percentual de empresas que não utilizaram matérias-primas importadas em 2005, mas deverão fazê-lo em 2006, foram os de produtos de metal, máquinas e equipamentos e calçados. Também se destacaram madeira, vestuário e couro.

- Esperava um percentual menor para os setores de calçados, couro e vestuário, que têm um coeficiente de importação baixo e precisam muito de insumos domésticos - disse o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa e Avaliação da CNI, Renato Fonseca. (Eliane Oliveira)