Título: PETROBRAS QUER REFINARIAS NA ÁSIA E NA EUROPA
Autor: Ramona Ordonez
Fonte: O Globo, 02/06/2006, Economia, p. 28

Diretor diz que compras devem ocorrer em 2007. Interesse pode estar em Japão, Espanha, França e Alemanha

MONTEVIDÉU. A Petrobras continua com sua política agressiva de expansão no mercado internacional, apesar dos problemas que vem enfrentando na Bolívia. O diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, anunciou ontem que a estatal avalia oportunidades de compra de refinarias - uma na Europa e outra na Ásia. Na Ásia, o principal país em foco é o Japão.

A primeira refinaria comprada pela Petrobras no exterior foi a de Pasadena, no Texas (EUA). A aquisição ocorreu em 2005.

- A estratégia da Petrobras é a mesma: aumentar o valor agregado do petróleo pesado do campo de Marlim, que é exportado. E os melhores mercados de refino fora do Brasil são Estados Unidos, Europa e Ásia - explicou Cerveró.

A Petrobras exporta cerca de 300 mil barris diários de petróleo pesado produzido em Marlim, na Bacia de Campos. A previsão é produzir 500 mil barris diários em 2010.

Segundo Cerveró, as vendas do óleo pesado são justamente para EUA, Europa, Japão e China. A estratégia é ter refinarias nesses mercados para processar o petróleo e vender os derivados de maior valor agregado. Normalmente, o barril de combustíveis como a gasolina e o óleo diesel tem uma cotação bem maior do que a do petróleo cru. E o petróleo pesado tem valor um pouco menor do que o do petróleo leve - custa cerca de US$ 12 por barril a menos.

Na refinaria de Pasadena, com capacidade para processar cem mil barris de petróleo por dia, a Petrobras fará investimentos para ter condições de processar óleo pesado.

Entre os países onde a estatal pode comprar uma refinaria estão Espanha, França e Alemanha. Cerveró não quis dar detalhes das oportunidades avaliadas. Ele acredita que as aquisições deverão ser fechadas ano que vem, uma vez que as negociações levam tempo. O executivo também não quis falar de valores. No caso de Pasadena, o investimento foi de US$350 milhões.

Bolívia ainda não pediu aumento, diz diretor

Cerveró garantiu que a Petrobras não recebeu comunicado oficial do governo da Bolívia ou da estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales de Bolívia (YPFB) solicitando para aumentar os preços do gás natural vendido para o Brasil. Apesar das recentes declarações do presidente da Bolívia, Evo Morales, de que pretende decidir ainda esta semana os novos preços, Cerveró disse que nada foi solicitado ou negociado:

- Se recebermos (pedido de aumento), a resposta será não.

Segundo o diretor, as negociações sobre as atividades da Petrobras na Bolívia - exploração e produção de gás natural, refino e distribuição de combustíveis - ainda estão em uma fase muito preliminar. Foram feitas apenas duas reuniões.

O diretor participou ontem da assinatura dos contratos para aquisição de 51% da Gaseba, distribuidora de gás em Montevidéu, por US$13 milhões. A Petrobras fechou contrato também para a compra de todos os ativos da Shell no Uruguai, incluindo 89 postos, além da base distribuição de combustível no aeroporto de Carrasco, em Montevidéu, e de lubrificantes marítimos. Com as duas operações, a Petrobras passa a ser a maior distribuidora de gás do Uruguai, com 23% do mercado.

(*) A repórter viajou a convite da Petrobras